03 de Dezembro de 2024

Salman Rushdie: o que se sabe sobre o homem acusado pelo ataque contra o escritor em Nova York


crédito: Getty Images

O suspeito de esfaquear o escritor britânico Salman Rushdie em um evento em Nova York na sexta-feira (12/08) foi formalmente acusado por tentativa de homicídio e agressão neste sábado (13).

Hadi Matar, de 24 anos, foi detido sem a possibilidade de fiança, segundo o gabinete do Procurador Distrital de Chautauqua, no Estado de Nova York.

O homem mora na cidade de Fairview, em Nova Jersey, de acordo com o porta-voz da polícia de Nova York, Eugene J. Staniszewski.

Ele tinha um ingresso para assistir à palestra que Rushdie, de 75 anos, estava ministrando no Instituto Chautauqua, no oeste do estado de Nova York.

Segundo Staniszewski, quando o escritor e apresentador do evento estavam no palco, o suspeito esfaqueou Rushdie pelo menos uma vez no pescoço e uma no abdômen. Ele também feriu levemente o moderador, Henry Reese.

Após horas de cirurgia, Rushdie permanece conectado a um aparelho respirador.

"As notícias não são boas. Salman provavelmente perderá um olho, os nervos de seu braço foram cortados e seu fígado foi esfaqueado e danificado", disse Andrew Wylie, seu agente literário, sobre seu estado de saúde.

Uma análise dos perfis de Matar nas redes sociais sugere que ele é simpático às causas do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica, segundo a rede de televisão americana NBC News.

O Exército dos Guardiães é uma importante força militar e política no Irã - no entanto, nenhum vínculo foi estabelecido definitivamente com o suspeito.

Matar nasceu nos Estados Unidos de pais que emigraram do Líbano, segundo afirmou um oficial libanês à agência de notícias Associated Press.

De acordo com o porta-voz da polícia, a equipe de organização do evento e pessoas que estavam na plateia pularam sobre o suspeito no momento do ataque e o derrubaram. Ele foi preso no local.

Rushdie foi inicialmente tratado por um médico que estava na plateia, assim como Reese, que sofreu lesões faciais, mas já foi liberado.

Staniszewski afirmou que a polícia "não tem indicação do motivo" do ataque.

Em referência ao atentado contra o escritor britânico, a governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, assegurou que "um policial estadual se levantou e salvou sua vida, protegendo ele e o moderador".

Uma testemunha na plateia disse ao jornal The New York Times que viu um homem alto e magro pular no palco e acertar Rushdie três ou quatro vezes no rosto, e então viu o sangue: "Ele estava coberto de sangue, havia sangue derramado por todo o chão. O sangue cobria seus olhos e suas bochechas."

Um escritor identificado como Carl LeVan, que também estava participando do evento, escreveu em sua conta no Twitter que Rushdie "foi esfaqueado várias vezes antes que o atacante fosse contido pela segurança".

Vários participantes indicaram que não havia revista de malas, detectores de metal ou outras medidas de segurança na entrada do evento.

Rushdie, que vive nos Estados Unidos desde 2000, foi escalado para participar da conferência organizada pela organização City of Asylum (Cidade do Asilo) para falar justamente sobre "sua experiência como artista exilado nos Estados Unidos", ao lado de Henry Reese, presidente da organização.

A palestra de Rushdie intitulava-se "More Than Shelter" (Mais do que Abrigo) e discutia o caráter dos Estados Unidos "como uma terra de asilo e lar para a liberdade criativa de expressão".

Em 1989, Rushdie foi ameaçado de morte pelo Irã por uma da suas principais obras, o livro Versos Satânicos (Companhia das Letras), publicado em 1988.

O então líder raniano, aiatolá Khomeini, condenou o livro e ofereceu uma recompensa de milhões de dólares pela morte de Rushdie — que sofreu uma tentativa de homicídio no mesmo ano.

A obra do escritor foi especialmente polêmica por ter um personagem inspirado no profeta Maomé retratado de forma considerada ofensiva por líderes da comunidade muçulmana.

Rushdie foi forçado a viver escondido por vários anos. A ameaça de morte causou a ruptura das relações entre o Reino Unido e o Irã por mais de uma década.

Até agora, o governo iraniano permanece em silêncio sobre o ataque.

No entanto, a agência de notícias oficial do país, a IRNA, publicou em seu serviço inglês informações sobre o ataque.

- Este texto foi originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62536536

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Fonte: correiobraziliense

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