A central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, ocupada pelas tropas russas e alvo de bombardeios recentes, ficou "totalmente" desconectada nesta quinta-feira (25) da rede elétrica nacional, informou o operador de energia da Ucrânia, que culpou "os invasores" por essa situação.
"Os dois reatores em funcionamento da central foram desconectados da rede. Em consequência, as ações do invasor causaram a desconexão total [da central de Zaporizhzhia] da rede elétrica, pela primeira vez em sua história", assinalou a operadora Enerhoatom.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinalou que havia sido "informada pela Ucrânia" sobre a perda de conexão com a rede nacional, mas indicou que a usina "permanece conectada" através da "central térmica vizinha, que pode fornecer eletricidade de emergência".
As autoridades ucranianas acreditam que Moscou se apoderou da usina nuclear para desviar energia para a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Os Estados Unidos, por sua vez, condenaram nesta quinta qualquer tentativa russa de desviar energia da Ucrânia.
"A eletricidade que [essa central] produz pertence legitimamente à Ucrânia e qualquer tentativa de desconectar a usina da rede elétrica ucraniana para direcioná-la para áreas ocupadas [pela Rússia] é inaceitável", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.
"Nenhum país deve transformar uma usina de energia nuclear em uma zona de guerra e rechaçamos os esforços russos para desviar ou para transformar em arma a energia da usina", acrescentou. A Rússia ocupa o complexo desde o início de março, poucos dias depois de iniciar a invasão da Ucrânia, uma guerra que já deixou milhares de mortos e milhões de deslocados.
Nas últimas semanas, Moscou e Kiev se acusaram mutuamente de bombardear a central, que conta com seis reatores e uma capacidade total de 6.000 megawatts. Uma situação "altamente volátil", que "evidencia o perigo real de um desastre nuclear", advertiu a AIEA.
Ontem, o bombardeio russo de um trem na estação de Chaplino (centro) matou 25 civis, segundo o último balanço oficial ucraniano. A Rússia, por outro lado, afirmou que havia atacado "um trem militar" e eliminado "mais de 200 militares da reserva das Forças Armadas ucranianas".
O ataque coincidiu com o 31º aniversário da independência da Ucrânia, uma ex-república soviética. Na segunda-feira, a Ucrânia reconheceu a morte de cerca de 9.000 soldados desde o início do conflito, um balanço que, na realidade, poderia ser muito superior, segundo os observadores.
Do lado russo, cerca de 80.000 militares teriam morrido ou ficado feridos, de acordo com as estimativas feitas no início de agosto por um funcionário do Departamento de Defesa americano.
O presidente russo Vladimir Putin firmou um decreto nesta quinta-feira para aumentar em 10% o número de integrantes das Forças Armadas. Assim, a partir de janeiro, o exército russo deverá ter 2 milhões de integrantes, incluindo 1,15 milhão de soldados.
Desde a retirada das forças russas dos arredores de Kiev no fim de março, a maioria dos combates se concentra no leste, onde Moscou vem ganhando terreno, e no sul, onde as tropas ucranianas afirmam ter lançado várias contraofensivas.
A Rússia também realiza bombardeios em outras regiões com mísseis de longo alcance. Contudo, Kiev e as áreas próximas da capital não costumam ser atingidas.
A rede Coalizão contra as Bombas de Fragmentação (CMC, na sigla em inglês) denunciou nesta quinta, em seu relatório anual, que Moscou utilizou de forma maciça bombas de fragmentação na Ucrânia, causando centenas de vítimas civis e danificando residências, escolas e hospitais.
Por sua vez, a titular do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh), Michelle Bachelet, exortou Putin a interromper "o ataque armado contra a Ucrânia" e pediu a desmilitarização da central de Zaporizhzhia.
Fonte: correiobraziliense
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