Manifestações se multiplicaram por todo o Chile no fim de semana que antecedeu a realização do plebiscito sobre uma nova Constituição no país, a ser realizado no próximo domingo. As mais recentes pesquisas apontam para o fracasso da proposta de substituir a Carta Magna herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) por uma que estabelece mais direitos sociais para a população.
Todas as sondagens colocam a opção "Rejeito" na frente nas intenções de voto para 4 de setembro, com índices que chegam a 56% e uma vantagem sobre a "aprovação" que varia de quatro e 12 pontos percentuais. No entanto, as consultas também mostram um grande percentual de indecisos — entre 10% e 15% do eleitorado.
É por essa parcela que os dois lados vêm "brigando" nos últimos dias. Mais de 15 milhões de chilenos devem ir às urnas no próximo domingo, na primeira convocação desde 2012 em que o voto será obrigatório e com multa por não comparecer.
"Voto pela rejeição principalmente porque a ideia de criar (a nova Constituição) nasceu em um momento de grande crise em nosso país; não foi uma decisão tomada com objetividade", justificou a professora Luz Galarce. Por sua vez, Esteban Córdoba, artista visual de 40 anos, decidiu-se a favor do novo texto, que, em sua opinião, "abre uma janela, ainda não uma porta, para nos tornarmos uma nação desenvolvida".
Para o cientista político Marcelo Mella, da Universidade de Santiago, o avanço do veto popular ao novo texto constitucional deve-se, principalmente, a "problemas em determinados conteúdos" relativos à organização do Estado, e não tanto pelos direitos que estabelece. "O evento mais provável é que a rejeição vença e a diferença nesse resultado depende de quantas pessoas votam e quem vota", explicou.