O presidente do Peru, Pedro Castillo, compareceu nesta segunda-feira (5/9) ao Ministério Público, que o acusa de liderar uma suposta rede de corrupção que funcionava dentro do palácio do governo, mas se negou a responder recorrendo a seu direito constitucional de manter silêncio.
Enquanto o presidente de esquerda saía do MP após uma audiência de duas horas e meia, detratores jogaram ovos contra o veículo oficial que o transportava.
Vestido com um casaco vermelho, o presidente de 52 anos se apresentou à procuradora da Nação, Patricia Benavides, em um processo relacionado à demissão repentina de seu ministro do Interior em 20 de julho.
O MP suspeita que, com a saída abrupta do ministro Mariano González, que estava no cargo havia apenas duas semanas, Castillo tentou impedir a nomeação de uma equipe especial da polícia para localizar duas pessoas de seu entorno que estavam foragidas da justiça.
Castillo, que não pode ser julgado atualmente pois goza de imunidade, também foi convocado para responder sobre o suposto tráfico de influência na estatal PetroPerú.
O advogado presidencial, Benji Espinoza, detalhou que Castillo não respondeu às perguntas do MP sob seu direito de permanecer em silêncio e se limitou a fazer uma declaração negando as acusações formuladas pela procuradora da Nação.
"O presidente respondeu que quando houver todos os elementos (dos seis casos contra ele) vai dar as explicações que querem", disse o advogado à imprensa. "O presidente proclamou sua inocência e então, quando vieram as perguntas, negou as acusações."
Castillo explicou a um grupo de simpatizantes que o esperava na sede do Executivo que "fomos dizer à procuradora da Nação que não apenas as rechaço, nego veementemente essas falsas acusações".
O MP abriu seis investigações contra Castillo, algo inédito para um presidente em exercício no Peru.
Sua esposa, Lilia Paredes, também foi citada pelo mesmo caso em outra sede judicial, mas sua audiência foi suspensa de última hora, segundo seu advogado.
A primeira-dama é acusada de supostos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, como parte da suposta rede chefiada pelo marido, segundo o MP, que fez um pedido de proibi-la de deixar o país por 36 meses.
"Quando estamos coordenando para fazer este país avançar, temos que ser convocados para outros lugares (Ministério Público) para depor sobre coisas que são fabricadas, contos e histórias", afirmou Castillo recentemente, na tentativa de relativizar as investigações e o interesse midiático que despertam.
Castillo depôs duas vezes ao MP: em 17 de junho por supostas propinas em contratos de obras públicas e em 4 de agosto por supostas promoções irregulares nas forças armadas.
A primeira-dama, de 49 anos, foi interrogada pelo Ministério Público em 8 de julho. Cinco dias depois, atendeu a uma intimação do Congresso, mas se recusou a responder a perguntas por recomendação de seu advogado.
Castillo nega qualquer crime cometido por sua família e afirma ser vítima de uma campanha para retirá-lo do poder.
Yenifer Paredes, de 26 anos, cunhada de Castillo, cumpre há uma semana 30 meses de prisão preventiva, sob a acusação de integrar a "organização criminal liderada pelo senhor presidente da República", de acordo com o promotor Jorge García Juárez.
Em seus 13 meses no poder, Castillo tem vivido sob o cerco do MP e um constante assédio do Congresso, dominado pela direita, que exige sua renúncia e já realizou duas tentativas de impeachment.
Fonte: correiobraziliense
Utilizamos cookies próprios e de terceiros para o correto funcionamento e visualização do site pelo utilizador, bem como para a recolha de estatísticas sobre a sua utilização.