A nova líder do Partido Conservador britânico, Liz Truss, recebeu, nesta terça-feira (6/9), a missão de formar o governo como a representante da maioria parlamentar durante uma audiência com a rainha Elizabeth II, que pouco antes recebeu o pedido de renúncia formal de Boris Johnson.
Funcionários da Casa Real divulgaram uma fotografia da monarca e de Truss apertando as mãos no Castelo de Balmoral, a residência de verão da rainha na Escócia, quase 800 km ao norte de Londres.
"Por mais forte que seja esta tempestade, sei que o povo britânico é mais forte (...). Juntos podemos vencer a tempestade", lançou num breve discurso em frente à famosa porta do número 10 de Downing Street, onde minutos antes uma chuva torrencial ameaçava adiar o ato.
Marcou a economia, a saúde pública e a crise energética como suas três prioridades e garantiu que vai tomar "uma ação esta semana para lidar com as contas de energia", cujo aumento sufoca os britânicos.
Depois, entrou em seus novos escritórios e residência oficial, para nomear seus ministros.
A até agora ministra das Relações Exteriores, Truss, de 47 anos, foi declarada na segunda-feira vencedora da eleição interna pela liderança do Partido Conservador, contra o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak, ex-banqueiro de 42 anos e neto de imigrantes indianos.
Nesta terça-feira, Truss viajou para a residência escocesa de Elizabeth II em Balmoral, onde, em uma reunião protocolar de apenas meia hora, a rainha e chefe de Estado a encarregou de formar governo como nova líder da maioria.
Terceira mulher a liderar o Executivo britânico, depois de Margaret Thatcher (1979-1990) e Theresa May (2016-2019), Truss representa a ala mais à direita do partido e prometeu diminuir os impostos para impulsionar uma economia britânica à beira da recessão.
A transferência de poder geralmente acontece no Palácio de Buckingham, em Londres, a menos de 10 minutos de carro de Downing Street. Mas este ano, por problemas de mobilidade da monarca, de 96 anos, tanto Johnson como sua sucessora viajaram mais de 800 km ao norte.
Johnson apresentou oficialmente sua renúncia como primeiro-ministro, a qual "sua majestade teve graciosamente o prazer de aceitar", segundo uma nota do Palácio de Buckingham.
O controverso político de 58 anos, obrigado a renunciar no início de julho pelos deputados do próprio partido, indignados com a multiplicação de escândalos, se despediu durante a manhã de Downing Street diante de simpatizantes e parentes.
Ele fez um balanço de seus três anos de mandato e recordou que conseguiu em 2019 a maioria conservadora mais significativa desde 1987 com a promessa de concretizar o Brexit, algo que parecia impossível após anos de caos político.
Desde "a distribuição mais rápida de vacinas na Europa" contra a covid-19 até "entrega rápida de armas às forças ucranianas" contra a invasão russa, passando por um "desemprego em níveis mínimos nunca vistos desde que eu tinha 10 anos", ele recordou o que considera suas conquistas.
"Sou como um daqueles foguetes de propulsão que cumpriram o seu propósito e agora reentrar suavemente na atmosfera e submergir de maneira invisível em algum canto remoto e escuro do Pacífico. Oferecerei a este governo apenas meu apoio mais fervoroso", disse.