Chris Imafidon foi a sexta pessoa a entrar em Westminster Hall, ala do Parlamento do Reino Unido, para se despedir da rainha Elizabeth II, no primeiro dia de velório em Londres. "O tempo em que fiquei na fila foi algo insignificante, em comparação com o quanto ela lutou, se sacrificou e nos deu uma lição de altruísmo", afirmou ao Correio o consultor da monarquia e especialista em família real britânica. "Diante do caixão, fiquei cerca de três minutos em oração e em calma contemplação. Eu fiquei congelado no tempo, quando vi a realidade da partida de Elizabeth. Ela foi grande em tantas coisas", acrescentou.
Segundo Imafidon, a experiência de participar do velório da soberana envolveu "milhares de emoções". "Para mim, a rainha Elizabeth representa modéstia, apesar da majestade. Ela era uma pessoa humilde. Tanto que permitiu que meus filhos a visitassem no palácio. Ela se interessava pelas crianças de bairros pobres. Não havia interesse dela nos privilégios da realeza", comentou. "A rainha tinha um perfil no Instagram! Ela mostrou a mim que a tecnologia pode ser usada em prol da eficiência. Apesar de ter 96 anos, tinha Instagram e Facebook."
Assim como o consultor, milhares de britânicos começaram a desfilar em frente ao caixão feito de carvalho inglês e forrado com chumbo, onde repousa o corpo de Elizabeth II. A urna foi coberta pelo estandarte real e pela coroa imperial, que possui 2.868 diamantes e pedras preciosas, incluindo 17 safiras, 11 esmeradas e 269 pérolas. O maior dos diamantes está na parte dianteira, o Cullinan II, ou "segunda estrela da África", com 317 quilates. O caixão está sobre um alto catafalco roxo. Vários guardas em uniforme de gala permanecem na câmara ardente o tempo todo.
A expectativa é que até domingo cerca de 750 mil pessoas visitem o caixão e enfrentem filas de até 10km. A visitação pública se estenderá até a madrugada de segunda-feira, quando o caixão será levado para o funeral de Estado na Abadia de Westminster, na presença de lideranças mundiais, e sepultado na Capela George VI do Castelo de Windsor.
Antes do velório, o cortejo fúnebre deixou o Palácio de Buckingham, residência de Elizabeth II, e seguiu até Westminster Hall. Puxado por cavalos, o caixão foi seguido a pé pelo rei Charles III, 73 anos, e seus irmãos Anne (72), Andrews (62) e Edward (58). A procissão contou com as presenças de William, agora o herdeiro imediato do trono britânico, e seu irmão Harry, que chamou a atenção por ser o único a vestir terno, e não o uniforme militar. Em 2020, Harry abdicou das funções dentro da monarquia e mudou-se com a esposa, Meghan Markle, para os EUA.
O trajeto durou 40 minutos, ao som das marchas fúnebres de Beethoven, Chopin e Mendelssohn, executadas pelas bandas da Guarda Escocesa e da Guarda Granadeira. Durante o caminho, milhares de pessoas renderam homenagens à rainha, falecida em 8 de setembro, no castelo de Balmoral, na Escócia. A cada minuto, canhões dispararam uma salva, enquanto o sino do Big Ben ressoava.
Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou para o príncipe Charles III pela primeira vez desde a morte de Elizabeth II, ofereceu-lhe suas condolências e pediu uma "relação próxima" contínua.
O consultor Chris Imafidon disse à reportagem estar pronto para conceder o benefício da dúvida para Charles III. "Ele não tem experiência em ser rei, ao contrário da mãe, que foi monarca por sete décadas. Acredito que a liderança é como um biscoito. Por mais que eu ficasse na cozinha, ao lado de mamãe, não aprendi a fazer biscoitos, pois isso envolve uma habilidade prática. Charles III terá de praticar a liderança", comparou.
Fonte: correiobraziliense
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