O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, utilizou o discurso reservado a ele na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta quarta-feira (21/9), para criticar o presidente russo Vladimir Putin, que divulgou um comunicado em que reiterou ameaças de uso de armamento nuclear contra os EUA e outras nações contrárias à ocupação da Ucrânia.
Biden afirmou que o líder russo "violou descaradamente" a Carta das Nações Unidas e afirmou que não permitirá a instalação de uma guerra nuclear. "Uma guerra nuclear jamais deve ser travada e não é possível vencê-la", afirmou o presidente. "Nós não vamos permitir", acrescentou o presidente.
O presidente dos EUA, Joe Biden, discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 21 de setembro de 2022.
TIMOTHY A. CLARY / AFP
O presidente dos EUA, Joe Biden, discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 21 de setembro de 2022.
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O presidente dos EUA, Joe Biden, discursa na 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas na sede da ONU em Nova York em 21 de setembro de 2022.
MANDEL NGAN / AFP
"O presidente Putin fez ameaças nucleares abertas contra a Europa e um desrespeito imprudente pelas responsabilidades de um regime de não-proliferação nuclear. Agora a Rússia está convocando mais soldados para se juntar à luta, e o Kremlin está organizando um referendo falso para tentar anexar partes da Ucrânia — uma violação extremamente significativa da carta da ONU", declarou Biden.
O chefe de Estado ainda pediu para que outras nações "precisam ver" a ofensiva de Putin contra a Ucrânia como uma tentativa de extinguir o país. "Essa guerra busca a extinção do direito de a Ucrânia existir como um Estado, pura e simplesmente. O mundo precisa ver esses atos absurdos pelo que são", disse.
"Se as nações puderem exercer suas ambições imperiais sem que haja consequências, então arriscamos tudo o que esta instituição representa", acrescentou. As críticas foram reforçadas pelo porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, que, em entrevista à rede ABC, afirmou que "é irresponsável que uma potência nuclear fale dessa maneira" e que as ameaças são algo que "levamos muito a sério".
No entanto, John afirmou que os EUA não veem "nenhuma indicação de que seja necessário" uma mudança na "postura estratégica nesse momento", em relação a reprimir ações de Putin.
Vale lembrar que, apesar do discurso de Biden, os EUA também infringiram preceitos da ONU ao invadir o Iraque em 2003, em uma ação considerada pelo secretário-geral da organização, Kofi Annan, como ilegal.
No comunicado divulgado por Putin nesta quarta-feira (21/9), o líder diz que a Rússia tem sido ameaçada, inclusive com armas nucleares. A estes, Putin afirma que “os ventos podem mudar”, em uma afirmação interpretada pela diplomacia global como uma ameaça velada de uso das referidas armas.
"Chantagem nuclear tem sido usada, e não estamos falando apenas do bombardeio da usina de Zaporíjia. Mas também de pronunciamentos de altos representantes da Otan sobre a possibilidade de usarem armas de destruição em massa contra a Rússia", disse.
"Eu gostaria de relembrar eles que nosso país também tem vários meios de destruição, e em alguns casos eles são mais modernos do que aqueles de países da Otan. Quando a integridade de nosso país é ameaçada, é claro que que nós iremos usar todos os meios à nossa disposição para proteger a Rússia e seu povo. Isto não é um blefe.", acrescentou.
Entende-se que Putin se referia a uma fala de Biden dita em uma entrevista a CBS veiculada no domingo (18/9). O líder dos EUA afirmou que caso a Rússia pensasse em usar armas nucleares, a resposta dos EUA seria “consequente” ou “proporcional”, mas se recusou a detalhar a informação.
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