Crítico fervoroso do presidente da Rússia, Vladimir Putin, o premiê da Letônia, Krisjanis Karins, obteve uma vitória significativa nas eleições legislativas no país, que deve permitir sua permanência à frente do governo. Com 100% das urnas apuradas, o partido centrista Nova Unidade, do premiê, recebeu 18,97% dos votos e se tornou a maior força parlamentar, com 26 deputados, segundo a comissão eleitoral central.
Enquanto isso, formações políticas ligadas à minoria russa saíram debilitadas. Só um partido apoiado pela minoria de língua russa, o Estabilidade!, superou o limite de 5% de elegibilidade com 6,80%, conseguindo 11 mandatos de deputado. Por sua vez, o outrora poderoso partido histórico da minoria russa, Harmonia, teve o seu declínio confirmado e permanecerá fora do parlamento com 4,81%, assim como a União Russa da Letônia (pró-Kremlin, 3,62%).
"Penso que a guerra na Ucrânia desempenhou um grande papel em favor do senhor Karins e da Nova Unidade, porque eles são muito fortes nas relações exteriores, o que é muito importante para a Letônia do ponto de vista da segurança nacional", observou o cientista político Filips Rajevskis, ouvido pela agência de notícias France Presse.
No total, sete partidos estarão presentes no parlamento unicameral, que tem 100 cadeiras. Dois deles, a Lista Unificada (verdes e partidos regionais, centristas, 11,01%, 15 deputados) e a Aliança Nacional (centro-direita, 9,29%, 13 deputados) parecem bem posicionados para se juntar à Nova Unidade em uma coalizão que têm uma maioria de 54 deputados.
Já em segundo lugar ficou a União dos Verdes e Camponeses (centrista e social-democrata), com 12,44% e 16 deputados, que não é considerada um parceiro potencial no futuro governo. Progressistas (esquerda social-democrata) e Letônia Primeiro (populista) terão 10 e nove deputados, respectivamente.
O desenlace reforça as chances de Karins ser o encarregado oficialmente pelo presidente Egils Levits de formar o próximo governo. Isso deve acontecer no início de novembro, quando o novo Parlamento começar a funcionar nesse país báltico de 1,8 milhão de habitantes, membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Antes mesmo do anúncio oficial dos resultados definitivos, Krisjanis Karins deu algumas indicações sobre suas intenções. "A Nova Unidade não entrará em coalizão com os partidos que buscam suas orientações políticas na Rússia, e também não colaboraremos com a União de Verdes e Camponeses. Outras opções permanecem em aberto", declarou o primeiro-ministro em entrevista à televisão pública LTV1.
Karins já havia estimado que uma participação dos Verdes e Camponeses em sua coalizão só seria possível se o partido rompesse com seu aliado, o oligarca e prefeito de Ventspils, Aivars Lembergs. Para o premiê, é impossível colaborar com uma pessoa que se opôs à cooperação com a Otan e que é acusada de crimes graves.
Sobre a possível ameaça da Rússia no contexto da guerra na Ucrânia, Karins disse: "Nem eu, nem meu governo, nem meu país reagimos por medo. Continuaremos investindo na nossa própria defesa como Estado-membro da Otan".
Ontem, Egil Levits e os presidentes de outros oito países da Europa central e do leste (República Tcheca, Estônia, Lituânia, Macedônia do Norte, Montenegro, Polônia, Romênia e Eslováquia) se uniram às críticas internacionais à polêmica anexação de territórios ucranianos à Rússia. Afirmaram que nunca reconhecerão a iniciativa de Putin. A manifestação ocorreu no momento em que Kiev anunciou a reconquista de Lyman, na região de Donetsk, uma das áreas incorporadas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, em conversa com o colega ucraniano, Vladimir Zelensky, prometeu, ontem, trabalhar para adotar "novas sanções" europeias contra Moscou.
A despeito da condenação internacional, o processo legal para a formalização das anexações avança em Moscou. A Corte Constitucional considerou, ontem, que os tratados "estão de acordo com a Constituição da Federação da Rússia".
Vyacheslav Volodin, presidente da Duma (Câmara Baixa), afirmou que os deputados do Parlamento russo examinarão hoje um projeto de lei para a aprovação imediata do texto. O texto passará em seguida ao Conselho da Federação (Câmara Alta) do Parlamento. Kiev, por sua vez, já anunciou que recorrerá à Corte Internacional de Justiça (CIJ) e fez um apelo para que o tribunal "examine o caso o mais rápido possível".
Fonte: correiobraziliense
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