O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, quase demitiu sua filha e jogava documentos no vaso sanitário rotineiramente.
Essas são algumas revelações do aguardado livro The Confidence Man, da jornalista do New York Times Maggie Haberman, lançado nesta terça-feira.
A narrativa acompanha Trump desde seu tempo como empresário de Nova York até sua vida após a presidência. Haberman recorreu a entrevistas com mais de 200 fontes, incluindo ex-assessores, bem como três entrevistas com o próprio Trump, para escrever a obra,
O ex-presidente atacou Haberman, escrevendo em sua plataforma de mídia social que o livro contém "muitas histórias inventadas com zero verificação de fatos".
Aqui estão oito das maiores revelações do livro:
Em uma reunião com seu então chefe de gabinete, John Kelly, e o então advogado da Casa Branca Don, McGahn, Trump estava perto de twittar que sua filha, Ivanka, e seu genro Jared Kushner — ambos assessores sêniores da Casa Branca — estavam deixando suas posições, segundo Haberman.
Ele foi impedido por Kelly, que o aconselhou a falar com Ivanka e Kushner antes de enviar o tuíte. Trump nunca falou com eles, e ambos permaneceram assessores da Casa Branca até o final de sua presidência.
O livro também revela que Trump frequentemente falava mal de seu genro, e uma vez comentou que Kushner "parece uma criança" depois de ouvir um discurso público que ele fez em 2017.
Trump negou ter querido demitir Ivanka e seu marido. "Pura ficção. Nunca passou pela minha cabeça", disse ele.
Haberman escreve que Trump levantou a possibilidade de bombardear laboratórios de drogas mexicanos várias vezes — uma sugestão que surpreendeu o ex-secretário de Defesa dos EUA Mark Esper.
A ideia surgiu de uma conversa que Trump teve com Brett Giroir, autoridade de saúde pública e almirante do Corpo Comissionado do Serviço de Saúde Pública dos EUA.
Giroir entrou no Salão Oval vestindo um uniforme de gala — como é habitual para oficiais de saúde pública — e disse a Trump que as instalações que produzem drogas ilegais no México deveriam ser tratadas colocando "um alvo" para impedir substâncias ilícitas de vir pela fronteira.
Confundindo Giroir com um oficial militar, Trump sugeriu então bombardear as instalações de drogas. Em resposta, a Casa Branca pediu a Giroir que parasse de usar seu uniforme.
Quando Trump adoeceu com covid-19 em outubro de 2020, sua condição na Casa Branca estava piorando e ele estava com medo de morrer.
A certa altura, seu vice-chefe de gabinete, Tony Ornato, alertou o presidente que, se sua saúde piorasse ainda mais, ele teria que acionar procedimentos para garantir a continuidade do governo.
Esse medo existia apesar de várias tentativas de Trump de minimizar a pandemia, pois ele temia que o vírus estivesse impactando negativamente sua imagem e motivações políticas. Haberman escreve que o ex-presidente pediu aos assessores ao seu redor que tirassem suas máscaras e que aconselhou o então governador de Nova York, Andrew Cuomo, a não falar sobre o vírus na TV.
"Não dê tanta importância a isso", disse Trump a Cuomo, segundo o livro. "Você vai fazer disso um problema."
O livro de Haberman detalha vários encontros entre Trump e líderes mundiais.
Por exemplo, em seu primeiro encontro com a então primeira-ministra britânica Theresa May, Trump falou sobre o aborto, dizendo "algumas pessoas são pró-vida, algumas pessoas são pró-escolha. Imagine se alguns animais com tatuagens estuprassem sua filha e ela engravidasse?"
Ele então mudou de assunto em uma conversa na Irlanda do Norte para discutir como impedir que um projeto eólico além-mar fosse instalado perto de sua propriedade.
Quando ficou claro que Trump estava perdendo as eleições de 2020 para o presidente dos EUA, Joe Biden, ele ligou para o ex-prefeito de Nova York e seu advogado pessoal Rudy Giuliani.
"Ok, Rudy, você está no comando. Enlouqueça, faça o que quiser. Eu não me importo", disse Trump, depois que outros advogados se recusaram a atender pedidos seus para tentar anular os resultados das eleições.
"Meus advogados são terríveis", disse ele a Giuliani, segundo o livro. Ele também repreendeu com frequência o conselheiro da Casa Branca Pat Cipollone.
O livro afirma que, na época, Trump estava apaixonado por teorias da conspiração e procurou advogados que, segundo seus próprios conselheiros, estavam fora da realidade.
Em um avião durante a campanha em 2016, Trump foi convidado por seu gerente de campanha Corey Lewandowski e sua secretária de imprensa Hope Hicks para tratar de sua recusa em divulgar suas declarações fiscais — uma questão que eles viram como um problema para a candidatura de Trump à Casa Branca.
Haberman escreve que Trump respondeu inclinando-se para trás antes de ter um pensamento repentino: "Bem, você sabe que meus impostos estão sob auditoria, eu sempre sou auditado", disse ele.
"Então, o que quero dizer é, bem, eu poderia apenas dizer: 'Vou liberá-los quando não estiver mais sob auditoria. Porque nunca deixarei de estar sob auditoria."
Desde Richard Nixon, todos os presidentes dos EUA liberaram voluntariamente suas declarações de impostos. Desde então, uma investigação do New York Times de 2020 revelou que Trump pagou US$ 750 (cerca de R$ 4 mil) em impostos federais no ano em que se tornou presidente.
Quando Trump estava no cargo, a equipe da Casa Branca descobria periodicamente que o vaso sanitário estava entupido com papel impresso e acreditava que se tratava de documentos que o ex-presidente descartava.
Ele também supostamente rasgou documentos, o que viola a Lei de Registros Presidenciais — uma lei que diz que documentos criados ou recebidos por um presidente são de propriedade do governo dos EUA e devem ficar sob os cuidados dos Arquivos Nacionais dos EUA assim que terminar o mandato.
Os detalhes são revelados em meio a alegações mais amplas de documentos desaparecidos da Casa Branca de Trump, levantadas pelos Arquivos Nacionais. Trump também enfrenta uma investigação criminal do Departamento de Justiça por manter registros do governo em sua propriedade de Mar-a-Lago, na Flórida, depois de deixar o cargo.
Em uma reunião do Congresso logo após sua posse em 2017, Haberman escreve que Trump se voltou para um grupo de funcionários não-brancos democratas e pediu que buscassem canapés, confundindo-os com garçons.
O livro diz que os comentários de Trump foram direcionados a funcionários do senador Chuck Schumer e da deputada Nancy Pelosi.
Haberman também documenta um histórico de comentários homofóbicos supostamente proferidos por Trump.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63134591
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Fonte: correiobraziliense
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