As forças de segurança do Irã têm reprimido violentamente protestos em resposta à morte de uma jovem sob custódia policial.
Mahsa Amini, de 22 anos, foi presa por supostamente não cobrir o cabelo adequadamente com um hijab, o véu islâmico.
Houve protestos em todo o país e grupos de direitos humanos dizem que pelo menos 150 pessoas foram mortas.
Entenda quem decide sobre o uso de força para reprimir manifestações no Irã.
A figura mais poderosa do Irã é o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país desde 1989.
Ele é o chefe de Estado e comandante-em-chefe das forças militares. Tem autoridade sobre a polícia nacional e a polícia da moralidade, cujos oficiais detiveram Mahsa Amini.
O aiatolá Khamenei também controla a Guarda Revolucionária Iraniana, responsável pela segurança interna, e sua ala paramilitar, a Força de Resistência Basij. Os Basij reprimiram repetidamente a dissidência no Irã.
Assim, ele é quem tem maior poder de decisão sobre como lidar com os protestos.
O presidente Ebrahim Raisi é o mais alto funcionário eleito e o segundo na escala de poder, depois do líder supremo.
Ele é responsável pela gestão do dia-a-dia do governo e tem influência significativa sobre a política interna e assuntos externos.
No entanto, seus poderes são relativamente limitados — especialmente em questões de segurança.
O Ministério do Interior do presidente administra a polícia nacional — que vem reprimindo os protestos. No entanto, seu comandante foi nomeado pelo líder supremo e responde diretamente a ele.
O mesmo vale para o comandante da Guarda Revolucionária Iraniana e os Basij.
Se o líder supremo quer que os protestos terminem à força, o presidente tem pouca escolha a não ser seguir a orientação.
Os poderes do presidente também podem ser avaliados pelo Parlamento, que propõe novas leis. Por sua vez, o Conselho dos Guardiães — que tem entre seus membros aliados próximos do líder supremo — tem a função de aprovar novas leis e poder de vetá-las.
A polícia da moralidade — ou Patrulhas de Orientação — faz parte da polícia nacional.
A força foi criada em 2005 para defender a moral islâmica e as leis sobre vestuário "adequado", que foram introduzidas após a Revolução Islâmica de 1979.
Seus cerca de 7.000 oficiais, entre homens e mulheres, têm o poder de dar advertências, impor multas ou prender suspeitos.
O presidente Raisi, um linha-dura, introduziu várias novas medidas para fazer cumprir as regras do hijab neste verão iraniano.
Câmeras de vigilância foram instaladas para ajudar a identificar mulheres sem véu, e uma sentença de prisão obrigatória foi criada para pessoas que se opõem às regras do hijab nas redes sociais.
A Guarda Revolucionária Iraniana é a principal organização do Irã para manter a segurança interna.
Foi criada após a revolução para defender o sistema islâmico do país.
O Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica é agora uma importante força militar, política e econômica no Irã, com mais de 150 mil membros. Possui suas próprias forças terrestres, marítimas e aéreas, e supervisiona as armas estratégicas do Irã.
Tem um braço no exterior chamado Força Quds, que secretamente fornece dinheiro, armas, tecnologia e treinamento para aliados em todo o Oriente Médio.
Também controla a Força de Resistência Basij.
A Força de Resistência Basij, formalmente conhecida como Organização para a Mobilização dos Oprimidos, foi formada em 1979 como uma organização paramilitar voluntária.
Possui ramificações em todas as províncias e cidades do Irã e em muitas das instituições oficiais do país.
Seus membros masculinos e femininos, chamados de "Basijis", são leais à revolução e estão sob as ordens da Guarda Revolucionária Iraniana.
Acredita-se que cerca de 100.000 desempenhem funções de segurança interna.
Eles estão fortemente envolvidos na repressão de protestos contra o governo desde a disputada eleição presidencial de 2009.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63220329
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Fonte: correiobraziliense
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