Um filme sobre o caso Harvey Weinstein e sobretudo uma homenagem ao jornalismo investigativo e às mulheres que tiveram a coragem de falar. É a premissa de "She Said", exibido na quinta-feira (13/10) em Nova York, que retrata o amplo trabalho que impulsionou o movimento #Metoo há cinco anos.
Weinstein, o ex-produtor de cinema americano de 70 anos, costumava ser assíduo no Festival de Cinema de Nova York, que encerra sua 60ª edição nesta sexta-feira. Em 2020, ele foi condenado a 23 anos de prisão por estupro e agressões sexuais por um tribunal de Nova York, e desde segunda-feira está novamente sentando no banco dos réus em Los Angeles, onde responde a outras acusações.
A atriz e militante feminista Ashley Judd, umas das primeiras a denunciar que foi vítima de assédio sexual por Weinstein, foi ovacionada pelo público em uma das salas do Lincoln Center.
No filme de Maria Schrader, Judd interpreta seu próprio papel, o de uma atriz que se recusou a cair na chantagem do produtor e pagou o preço durante sua carreira, até decidir falar.
"É muito importante ter nossa verdade e ter a consciência tranquila sobre nossa história", disse, antes de prestar homenagens a suas "irmãs", as outras vítimas de Weinstein presentes na exibição.
Em 5 de outubro de 2017, após meses de trabalho, a reportagem de Jodi Kantor e Megan Twohey foi publicada pelo The New York Times e rompeu o silêncio das mulheres, inciando o movimento contra a violência sexual #MeToo, que foi além do cinema.
"She Said", adaptado do livro homônimo das duas jornalistas premiadas com o Pulitzer, não se preocupa em absoluto com as repercussões de sua investigação.
Ao estilo de "Todos os Homens do Presidente" (1976) sobre o escândalo do Watergate, e de "Spotlight", sobre casos de pedofilia na Igreja Católica, este filme é um reconhecimento ao trabalho paciente e sagaz das jornalistas investigativas.
Cerca de meio século depois que a dupla do The Washington Post foi representada por Robert Redford e Dustin Hoffman ("Todos os Homens do Presidente"), agora duas jornalistas e mães confrontam poderosos com a ajuda essencial da editora Rebecca Corbett e o apoio incondicional do chefe de redação Dean Baquet.
"Uma das razões pelas quais nos sentimos tão honradas por este filme é que resume nosso ideal de jornalismo", explicou Jodi Kantor após a projeção. "Faz tempo que somos jornalistas, mas o caso Weinstein, de alguma formas destaca tudo o que acreditamos", acrescentou.
A dupla é vivida por Zoe Kazan, que interpreta Kantor, e Carey Mulligan, que representa Twohey.
Com uma cenografia e roteiro sóbrios e música de Nicholas Britell, "She Said" segue intenso até o embate final entre The New York Times e Harvey Weinstein e seus advogados, no momento da publicação da reportagem.
O longa é distribuído pela Universal Pictures e tem Brad Pitt entre seus produtores. Poderá ser visto nos cinemas dos Estados Unidos a partir de 18 de novembro e em seguida na Europa.
Fonte: correiobraziliense
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