O presidente da Rússia, Vladimir Putin, está sob crescente pressão.
Sua "operação militar especial" não saiu conforme o planejado: com a contraofensiva ucraniana, a Rússia vem perdendo territórios que ocupava.
Enquanto isso, as regiões russas que fazem fronteira com a Ucrânia vêm sofrendo bombardeios contínuos.
Além disso, a "mobilização parcial" de soldados anunciada pelo Kremlin no mês passado alarmou a sociedade russa de forma generalizada.
A resposta do presidente Putin? Não foi algo como "desculpe, cometi um grande erro ao invadir a Ucrânia". Foi o endurecimento da segurança. Não apenas na Ucrânia ocupada, mas em toda a Rússia.
Ele está dobrando a aposta.
Com um decreto, Putin impôs lei marcial nas quatro regiões ucranianas que ele afirma ter anexado: Luhansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson.
Não está claro qual diferença, se houver, isso fará lá: certamente não convencerá as tropas ucranianas a entregar suas armas. Kiev está determinada a reconquistar o território perdido.
Mas o presidente também apertou a segurança em toda a Rússia, introduzindo três níveis de segurança diferentes.
Nas regiões próximas à fronteira com a Ucrânia, como em Belgorod, Bryansk, Krasnodar e Rostov, bem como na anexada Crimeia, foi declarado um "nível médio de resposta": as medidas incluem o reforço da segurança e da ordem pública, restrições à circulação do trânsito e à entrada e saída dessas regiões.
Abaixo, está o nível de "prontidão aumentada", que se aplica às regiões central e sul da Rússia, incluindo Moscou. O decreto presidencial menciona "revistas de veículos e restrições ao trânsito", bem como uma "ordem pública mais dura".
Em uma mensagem nas redes sociais, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, tentou tranquilizar os moscovitas de que "não haverá medidas que restrinjam o ritmo normal da vida" na cidade — o que ainda está para ser verificado.
O nível de segurança mais baixo se aplica ao resto do país. Ou seja, ao norte da Rússia, à Sibéria e ao Extremo Oriente russo.
Para cumprir o decreto do presidente Putin, todos os governadores receberam ordens para estabelecer "quartéis-generais operacionais". Estes incluirão os dirigentes de cada região, representantes dos militares e da polícia.
Os governadores também foram instruídos a "atender às necessidades das Forças Armadas da Federação Russa, outras tropas e formações". Isso parece dar aos militares russos poderes maiores.
Como tudo isso funcionará na prática? Pode levar algum tempo para que isso se torne evidente.
O que está claro é que o sistema de segurança que o presidente Putin estabeleceu pode ser usado pelas autoridades para restringir as liberdades em toda a Rússia e para mobilizar esforços para a "operação militar especial".
E se a situação de segurança na Rússia se deteriorar, não há nada que impeça que mais regiões sejam colocadas em um nível de segurança mais alto, incluindo a aplicação das lei marciais.
O que isso nos diz sobre o presidente russo?
Não há sinal de que Putin esteja buscando uma saída desta crise. O que vemos, com este decreto, é um líder do Kremlin determinado a manter o controle.
Fonte: correiobraziliense
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