O Executivo de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni, a primeira mulher a ocupar o posto de chefe de Governo na Itália, prestou juramento neste sábado (22/10) diante do presidente da República, Sergio Matarella.
Durante a cerimônia, que aconteceu no Palácio do Quirinal em Roma, Meloni e seus 24 ministros prometeram, um por um, "respeitar a Constituição e as leis".
A transferência de poderes entre Mario Draghi e Giorgia Meloni e a primeira reunião do conselho de ministros no Palácio Chigi, sede do governo, acontecerão na manhã de domingo.
Pouco depois de sua nomeação como primeira-ministra na sexta-feira, Meloni publicou uma mensagem no Twitter em que apresentava seu governo como "um Executivo de alto nível que será capaz de trabalhar rapidamente para responder às emergências da nação e de seus cidadãos".
A romana de 45 anos conquistou uma vitória histórica nas eleições legislativas de 25 de setembro e conseguiu "desdemonizar" seu partido 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália) para chegar ao poder exatamente um século depois da ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, do qual é admiradora.
Graças a sua coalizão com a Liga, partido de ultradireita e anti-imigração de Matteo Salvini, e o Força Itália de Silvio Berlusconi, Meloni terá maioria absoluta tanto na Câmara dos Deputados como no Senado.
Neste sábado, os nomes e fotos do novo governo ocupavam as primeiras páginas dos jornais.
A lista de 24 ministros, que inclui seis mulheres, reflete o desejo de Meloni de tranquilizar os aliados da Itália, temerosos com a chegada ao poder em um país fundador da União Europeia do governo mais à direita e eurocético desde 1946.
A designação como ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro-ministro de Antonio Tajani, ex-presidente do Parlamento Europeu e membro do Força Itália, foi celebrada pelo presidente do Partido Popular Europeu, o alemão Manfred Weber, como "garantia de uma Itália pró-Europa e pró-Otan".
Outro acendo a Bruxelas foi a designação de Giancarlo Giorgetti, representante da ala moderada da Liga e ministro durante o governo Mario Draghi, como titular da pasta da Economia.
Matteo Salvini também recebeu o cargo de vice-primeiro-ministro, mas terá que se contentar com o ministério de Infraestruturas e Transportes, em vez da parta do Interior que desejava.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, felicitou Meloni neste sábado e afirmou que espera uma "cooperação construtiva" com seu governo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, felicitou Meloni e afirmou em um comunicado: "Como líderes do G7, espero seguir avançando em nosso apoio à Ucrânia, responsabilizar a Rússia por sua agressão, garantir o respeito aos direitos humanos e valores democráticos e construir um crescimento econômico sustentável.
"A Itália é um aliado vital da Otan e sócio próximo", completou o presidente americano.
Em um momento de dificuldades para a terceira maior economia da zona do euro, consequência da crise energética e da inflação, que afetam a Europa em geral, a missão de Meloni será complicada, em particular para para conservar a unidade de uma coalizão que já mostra fissuras.
Salvini e Berlusconi aceitam a contragosto a autoridade de Meloni, cujo partido recebeu 26% dos votos, contra apenas 9% para a Liga e 8% para o Força Itália.
A imprensa registrou vários confrontos entre os três líderes políticos durante a distribuição de cargos no Parlamento e no ministério.
Meloni, pró-Otan e favorável ao apoio à Ucrânia contra a Rússia, enfrentou nesta semana as polêmicas declarações de Berlusconi, que disse ter "retomado" o contato com o presidente russo, Vladimir Putin, e culpou Kiev pela guerra.
Meloni se viu obrigada a explicar na quarta-feira que a Itália "é uma parte plena e de cabeça erguida" da UE e da Otan.
Talentosa oradora, esta cristã conservadora, hostil aos direitos LGBT+ e que tem como lema "Deus, pátria, família", prometeu não mudar a lei que autoriza o aborto.
O governo enfrentará muitos desafios, especialmente os econômicos.
A inflação no país atingiu 8,9% em setembro em ritmo anual e a economia pode entrar em recessão técnica no próximo ano.
As margens de manobra Roma são limitadas por uma enorme dívida de 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a segunda maior proporção da zona do euro, atrás apenas da Grécia.
A primeira-ministra, notoriamente eurocética, desistiu de estimular a saída da zona do euro, mas prometeu defender com mais força os interesses italianos em Bruxelas.
O crescimento italiano também dependerá dos quase 200 bilhões de euros de subsídios e empréstimos concedidos pela UE no âmbito do fundo de recuperação pós-pandemia.
Fonte: correiobraziliense
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