London, Reino Unido- O conservador Rishi Sunak foi nomeado, nesta terça-feira (25/10), primeiro-ministro do Reino Unido, o terceiro este ano, após Boris Johnson e a efêmera Liz Truss, com a promessa de "corrigir" os "erros" que agravaram a crise econômica, ao mesmo tempo que alertou para a necessidade de "decisões difíceis".
O bilionário, ex-executivo do setor bancário, de 42 anos, neto de imigrantes indianos, chega ao poder em um momento muito complexo.
Ele terá que administrar uma crise econômica e social agravada pelos planos ultraliberais de Truss em um momento de inflação elevada, a divisão do Partido Conservador que não para de aumentar desde o referendo do Brexit em 2016 e a necessidade de convencer o país de sua legitimidade como chefe de Governo.
"Alguns erros foram cometidos", declarou em seu primeiro discurso, pronunciado diante da célebre porta do número 10 de Downing Street.
"Fui escolhido como líder de meu partido e primeiro-ministro de vocês, em parte para solucioná-los, e este trabalho começa imediatamente", completou.
Sunak prometeu colocar "a estabilidade e a confiança econômicas no centro do programa de governo", mas advertiu que para isto "será necessário tomar decisões difíceis".
Sunak foi designado na segunda-feira o novo líder do governante Partido Conservador.
Nesta terça, durante uma audiência no Palácio de Buckingham, o rei Charles III, que assumiu o trono após a morte de Elizabeth II em 8 de setembro, o convidou a formar o governo na qualidade de líder da maioria parlamentar.
Ele se tornou assim o primeiro chefe de Governo britânico procedente de uma minoria étnica e o mais jovem em mais de 200 anos.
Charles III recebeu, alguns minutos antes, o pedido de renúncia oficial de Liz Truss, de 47 anos, que renunciou ao cargo de primeira-ministra na quinta-feira passada, sob intensa pressão dos mercados e de seu partido devido ao caos financeiro provocado por suas polêmicas políticas fiscais em apenas sete semanas no poder.
"Desejo a Rishi Sunak todo o sucesso pelo bem de nosso país", declarou em um breve discurso de despedida.
O novo chefe de Governo deve anunciar nas próximas horas a composição de seu gabinete. O titular da pasta das Finanças, Jeremy Hunt, nomeado por Truss há 11 dias, tem chances de permanecer no cargo.
Na política internacional, Sunak prometeu seguir apoiando a Ucrânia contra a invasão russa, uma "guerra terrível que deve ser realizada com êxito até sua conclusão".
Londres se comprometeu a ajudar Kiev com até 2,3 bilhões de libras (2,6 bilhões de dólares), um auxílio que fica atrás apenas dos Estados Unidos.
A Rússia "não tem nenhuma esperança" de melhorar as relações com o Reino Unido em um governo Sunak, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O novo primeiro-ministro também deverá decidir se, em uma tentativa de unificar o Partido Conservador profundamente dividido, nomeará para seu gabinete algum deputado que não o apoiou na disputa, como a atual ministra das Relações com o Parlamento Penny Mordaunt.
Além da crise econômica, que pode deixar o Reino Unido paralisado por várias greves no inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), e das disputas internas entre os conservadores, Sunak precisa superar o desafio de estabelecer sua legitimidade diante de uma opinião pública que não votou nele.
O Partido Conservador conquistou com Boris Johnson uma maioria esmagadora nas eleições legislativas de 2019, a maior da direita britânica em 40 anos.
Mas desde então, o país mudou duas vezes de primeiro-ministro. A primeira vez com Truss, após uma votação com a participação de apenas 170.000 filiados do partido. A segunda com Sunak, graças ao apoio de pouco menos de 200 dos 357 deputados conservadores.
Uma pesquisa do instituto Ipsos mostra que 62% dos eleitores britânicos, em um país de 67 milhões de habitantes, desejam a convocação de eleições gerais antecipadas.
As próximas legislativas estão previstas para janeiro de 2025, no mais tardar e, embora o Partido Trabalhista registre grande vantagem nas pesquisas de intenção de voto, a formação opositora não pode forçar uma antecipação do pleito.
Para obter a mudança de data, dezenas de deputados conservadores teriam que votar com a oposição, o que parece muito improvável diante de sua anunciada derrota nas urnas.
Fonte: correiobraziliense
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