Lisboa — A fim de reduzir as filas e evitar que se repitam as manifestações em frente aos locais de votação, o Consulado do Brasil em Lisboa promoveu uma série de alterações no entorno da Faculdade de Direito, onde mais de 45 mil brasileiros estão registrados para votar neste segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro. A rua principal em frente à universidade será bloqueada e o pátio onde se concentraram defensores dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro, isolado, para que sirva de trânsito aos eleitores.
Segundo o cônsul-geral, embaixador Wladimir Valler Filho, as mudanças darão mais agilidade ao processo de votação, evitando as longas filas que se viram no primeiro turno, quando houve espera de mais de duas horas, além de evitar qualquer tipo de tumulto. O consulado, inclusive, ampliou a segurança para o local e contratou uma empresa especializada para organizar a entrada dos votantes na Faculdade de Direito, que abrigará 58 urnas eletrônicas. Mais: depois de cumprirem o dever cívico, os votantes sairão por uma porta específica, para que não encontrem quem ainda está à espera de escolher um dos dois candidatos à presidência.
“Apesar de tudo ter transcorrido dentro da normalidade no primeiro turno, fizemos uma série de exercícios para que pudéssemos agilizar a votação nesta segunda etapa”, disse Valler Filho. Ele ressaltou que os responsáveis pela organização do pleito presidencial em Lisboa — o maior colégio eleitoral fora do Brasil — estão orientados a não deixarem acompanhantes entrarem nos locais de votações com os eleitores, a não ser em casos necessários, para evitar aglomerações nas seções de votação e seguir as regras das autoridades portuguesas, que limita um número de pessoas dentro de prédios públicos — a chamada densidade perigosa.
A boa notícia para os eleitores que comparecerem as urnas no dia 30 de outubro é que o metrô da Cidade Universitária, que fica ao lado da Faculdade de Direito, estará funcionando normalmente. A Companhia Metropolitana de Lisboa atendeu o pedido da Embaixada do Brasil para que o projeto de reforma da estação fosse adiado por alguns dias. As obras estavam programadas para começar no dia 29. “As autoridades portuguesas se sensibilizaram com o nosso apelo. Mostramos a importância de a estação de metrô estar aberta naquela área no dia de votação”, destacou o cônsul. “Escolhemos justamente da Faculdade de Direito para concentrar as seções eleitorais por estar em um local estratégico, de fácil acesso por vários meios de transporte“, acrescentou.
Outro ponto importante, segundo o embaixador, é que a seção com maior número de eleitores, que registrou as maiores filas, foi dividida em duas. Ele disse, ainda, que todas as seis urnas eletrônicas que apresentarem problemas no primeiro turno foram substituídas a tempo. E, por precaução, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enviou mais cinco urnas de contingência para Lisboa. A ordem é evitar que se recorra ao voto impresso, com urnas de lona, como ocorreu na primeira etapa das eleições presidenciais.
A expectativa do cônsul e também do chefe de gabinete do Itamaraty, embaixador Achilles Zaluar Neto, é que os brasileiros aptos a votarem compareçam em grande volume às seções eleitorais. No primeiro turno, 20.266 votantes exerceram o dever cívico, um recorde na capital portuguesa. Apesar de esse número representar menos da metade dos inscritos, foi o triplo do observado em 2018. “Foi um número surpreendente”, afirmou Valler Filho. No entender do embaixador Zaluar, historicamente, a abstenção é mais alta no exterior que no Brasil, onde os eleitores moram próximo dos locais de votação. “De qualquer forma, estamos fazendo um grande esforço para que o maior número possível de brasileiros que estão no exterior vote. Teremos urnas em 154 cidades de mais de 100 países”, frisou.
Mesmo quem não votou no primeiro turno pode ir normalmente às zonas eleitorais nesta última etapa das eleições. Basta comparecer à seção eleitoral em que está inscrito munido de documentação brasileira. Segundo o cônsul-geral, mesmo o cidadão que foi indiciado pela Polícia Federal no primeiro turno por tentar fraudar as urnas, ao votar duas vezes, está com o direito mantido. Valler Filho afirmou não saber em que pé está o processo contra o fraudador, que confessou ser eleitor do presidente Jair Bolsonaro.