23 de Novembro de 2024

Percorrendo Israel, Netanyahu investe para voltar ao poder


crédito: AFP

Os israelenses comparecem às urnas hoje para participar das quintas eleições legislativas em menos de quatro anos, que podem marcar o surpreendente retorno ao poder do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção. Aos 73 anos, mais de 30 deles na vida pública, o chefe de governo mais longevo da história do país tem sido incansável na campanha em que tenta reunir a maioria de 61 dos 120 deputados do Parlamento, ao lado de seus aliados dos partidos ultraortodoxos e de extrema direita.

As pesquisas mais recentes mostram que Netanyahu — Bibi, como é chamado pelos israelenses — pode estar bem perto de alcançar o objetivo e, assim, assumir o cargo de premiê pela sexta vez. No total, ele já governou o país por 15 anos. As sondagens projetam 60 cadeiras para o "bloco de direita" de Netanyahu, contra 56 para o atual primeiro-ministro, o centrista Yair Lapid, e seus aliados.

Amado por uns e odiado por outros, Netanyahu inovou na campanha deste ano e percorreu o país com o "Bibimóvel", um caminhão totalmente envidraçado e protegido inspirado no veículo do papa. Segurança é preocupação permanente no país, que, ontem, realizou eleições apenas com a participação de militares, liberando-os para que estejam hoje nas ruas.

Pela primeira vez desde 2009, Netanyahu não concorre como primeiro-ministro em exercício — ele foi deposto do poder em junho de 2021 por uma coalizão heterogênea. Político experiente, Netanyahu nunca se aposentará por vontade própria, ressalta Aviv Bushinsky, seu ex-porta-voz e grande conhecedor do Likud, seu partido. Apesar da acusação de corrupção em uma série de processos judiciais, negada por ele, Bibi tem o apoio inabalável de seus seguidores mais fiéis.

A investida, porém, é de alto risco. Se o Likud não obtiver o desempenho previsto pelas pesquisas — cerca de 33 cadeiras, ou seja, a primeira força no Parlamento —, sua base eleitoral pode rachar, estima Bushinsky. "Não há dúvida de que alguns funcionários do Likud vão pedir que ele se retire", antecipa.

Para garantir o retorno, o ex-premiê tem explorado o que considera fragilidade do adversário. Nos cartazes de campanha, Netanyahu mostra Lapid ao lado de líderes de partidos árabes. "Uma vez é suficiente!", afirma uma das mensagens que classifica o governo atual como "perigoso".

Lapid estabeleceu em 2021 uma "coalizão de mudança", que reunia partidos de direita, esquerda, centro e uma formação árabe, com o objetivo de derrotar Netanyahu, acusado em corrupção em vários processos.

No entanto, um ano mais tarde a coalizão perdeu a maioria no Parlamento com a saída de deputados de direita, o que levou o governo a convocar novas eleições, as quintas em três anos e meio.

A campanha, que começou de maneira lenta, acelerou nos últimos dias com partidos religiosos que exibem cartazes nas ruas de Jerusalém e formações árabes que distribuem panfletos nas cidades da Galileia e pedem o apoio da esquerda israelense.

"Sem a nossa presença, a direita formará um governo majoritário. Para impedi-los, precisamos de vocês. Seu voto pode fazer a diferença", disse à agência France Presse Ahmed Tibi, um dos líderes da lista árabe Hadash-Taal, em hebraico, na noite de domingo.

Há dois anos, os partidos árabes israelenses conquistaram um recorde de 15 cadeiras com uma campanha conjunta. Mas, agora, estão na disputa com três listas separadas: Raam (islamita moderado), Hadash (laico) e Balad (nacionalista).

Pelo sistema proporcional israelense, uma lista deve obter 3,25% dos votos para entrar no Parlamento, com o mínimo de quatro deputados. Caso não alcance a cláusula de barreira, o partido fica sem representantes na Knesset. Divididos, os partidos árabes podem não atingir o mínimo necessário e favorecer a vitória do partido de Netanyahu e seus aliados.

As eleições acontecem em um momento de tensão na Cisjordânia ocupada, com dois atentados executados por palestinos nos últimos dias. Após uma série de atentados contra Israel nos últimos meses, o Exército efetuou mais de 2 mil operações na Cisjordânia. As incursões, que muitas vezes provocam confrontos, deixaram mais de 120 mortos do lado palestino, o maior número de vítimas em sete anos. A imprensa questionou, ontem, se a violência terá a "última palavra" nas eleições, o que ajudaria a direita.

 

Fonte: correiobraziliense

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