Muito polarizados, os Estados Unidos se preparam para viver nesta terça-feira (8) uma noite tensa, que vai determinar qual partido - democrata ou republicano - vai controlar o Congresso, em uma eleição decisiva para a agenda do presidente, Joe Biden, e para as ambições de seu adversário e antecessor, Donald Trump, que acalenta a ideia de voltar à Casa Branca em 2024.
As seções eleitorais fecharam em parte da costa leste, mas as autoridades já advertiram que será preciso esperar horas e, inclusive, dias para saber se o Congresso permanecerá no controle dos democratas ou se passará para as mãos dos republicanos.
Uma inflação galopante pode levar o presidente de 79 anos a perder o controle do Congresso nestas legislativas intermediárias que costumam ser desfavoráveis ao partido no poder.
Seu antecessor, Donald Trump, que apoia muitos candidatos republicanos, espera, ao contrário, que seu partido desponte para se lançar em uma nova corrida presidencial. Na segunda, ele antecipou em um comício que fará "um grande anúncio" no dia 15 de novembro.
O bilionário de 76 anos quer se antecipar a possíveis concorrentes republicanos, como Ron Desantis, reeleito governador da Flórida nesta terça, de acordo com a imprensa americana.
Enquanto isso, "acredito que teremos uma grande noite", acrescentou, confiante.
Pouco depois, voltou à ladainha que repete desde 2020, reacendendo as dúvidas sobre a regularidade das operações de votação. Ele insistiu em que algumas máquinas não funcionaram bem em uma circunscrição do Arizona.
"As máquinas de votação não estão funcionando corretamente em áreas predominantemente republicanas/conservadoras", disse. "Estaria acontecendo a mesma fraude eleitoral que ocorreu em 2020?", questionou em postagem em sua plataforma, Truth Social.
As autoridades locais admitiram o problema, mas garantiram que os eleitores tiveram outras opções para votar.
Nestas eleições estão em disputa todos os assentos da Câmara de Representantes, um terço do Senado e vários cargos de governadores e legisladores locais. Também são celebrados dezenas de referendos, principalmente sobre o direito ao aborto.
Mais de 40 milhões de eleitores já votaram antecipadamente e nesta terça formaram-se longas filas nas seções eleitorais logo pela manhã.
"Quero estar certo de que minha voz será levada em conta", disse à AFP Quonn Bernard, engenheiro de 39 anos em um subúrbio de Atlanta. "Muitos candidatos arrastaram seus oponentes na lama", lamenta.
Cada lado dramatizou os temas centrais destas eleições: os democratas se apresentaram como defensores da democracia e do direito ao aborto, perante os republicanos, considerados "extremistas".
Já os conservadores se colocaram como garantidores da ordem frente a uma denominada esquerda "indulgente e radical" nos temas de segurança e imigração.
Mas a inflação desbancou os demais temas nas últimas semanas, o que faz com que os republicanos confiem mais do que nunca em suas chances de derrotar Joe Biden, a quem culpam pela alta dos preços.
"Precisamos de uma política do bom pai de família, que os impostos baixem e que a economia vá bem", afirmou Kenneth Bellows, um estudante de direito de 32 anos, que votou nos republicanos em Phoenix, Arizona (sudoeste), decepcionado com a gestão econômica do presidente Biden.
Mas na localidade de McAllen (sul), onde mais de 80% da população é latina, a maior preocupação é saber o que as autoridades farão frente à migração crescente que ultrapassa suas fronteiras.
"Quebraram o sistema migratório (...) Os Estados Unidos sofreram uma invasão silenciosa de 11 milhões de migrantes sem documentos", diz Francisco Cabral, um operário de origem mexicana, nascido e criado nos Estados Unidos e declaradamente republicano.
Biden tentou evitar o voto de castigo, apresentando-se como "o presidente da classe médica", insistindo em que reduziu as dívidas estudantis, protegeu a saúde e investiu em infraestrutura e no clima, mas seus esforços não parecem ter dado frutos.
Segundo as pesquisas mais recentes, a oposição republicana tem chances de ganhar pelo menos de 10 a 25 assentos na Câmara baixa, mais do que o suficiente para ter maioria.
Há menos clareza sobre o que ocorrerá no Senado, mas os republicanos também poderiam dominá-lo.
Sem maioria, o presidente ficaria paralisado. Os republicanos têm antecipado que não vão perdoar e preveem abrir investigações na Câmara de Representantes sobre os assuntos de seu filho, Hunter, ou alguns de seus ministros.
Concretamente, as 'midterms' são decididas em um punhado de estados-chave, os mesmos das presidenciais de 2020.
Todas as atenções se voltam para a Pensilvânia, antigo centro da indústria siderúrgica, onde o milionário cirurgião republicano Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, enfrenta o ex-prefeito democrata de uma pequena cidade, John Fetterman, pelo posto mais disputado do Senado.
É que desta cadeira dependerá muito possivelmente o equilíbrio de forças na Câmara alta, com um poder imenso.
Geórgia, Arizona, Ohio, Nevada, Wisconsin e Carolina do Norte também são palco de disputas entre os democratas e os candidatos apoiados por Donald Trump, que declaram lealdade absoluta ao ex-ocupante da Casa Branca.
São disputas ao custo de centenas de milhões de dólares, que fizeram destas eleições de meio de mandato as mais caras da história dos Estados Unidos.
Por enquanto, a votação quebrou os moldes com a eleição da democrata Maura Healey como a primeira governadora abertamente lésbica dos Estados Unidos, depois de vencer em Massachusetts.
A geração Z também encontrou seu espaço: o democrata Maxwell Frost, 25, entrará no Congresso, onde se destacará entre os cabelos grisalhos que povoam a Câmara baixa, com idade média de 58 anos.
Fonte: correiobraziliense
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