23 de Novembro de 2024

Catar: Perfil do país-sede da Copa de 2022


crédito: REUTERS

Outrora um dos países mais pobres do Golfo Pérsico, o Catar é hoje um dos emirados mais ricos da região graças às suas reservas de petróleo e gás. Estas últimas estão entre as três maiores do mundo, atrás apenas da Rússia e do Irã.

O dinheiro do petróleo financia um Estado social abrangente, com inúmeros serviços gratuitos ou fortemente subsidiados, mas há inúmeras denúncias sobre o emprego de mão-de-obra estrangeira em condições análogas à escravidão. Até 2016, vigorava no emirado um sistema conhecido como kafala, que impedia os trabalhadores de mudar de emprego ou mesmo sair do país sem a permissão do seu empregador, segundo a Anistia Internacional.

Uma análise do jornal britânico Guardian indicou que mais de 6,5 mil trabalhadores estrangeiros haviam morrido durante a construção de novos hotéis, estádios e infraestrutura relacionados à Copa do Mundo, até dezembro de 2020 - em dez anos desde que o país ganhou o direito de sediar a Copa.

No plano internacional, o Catar sedia bases militares americanas e desempenha um papel importante na geopolítica da região, o que também significa atrair rivalidades. Em 2017, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain e Egito cortaram relações com o Catar, acusando Doha de apoiar o terrorismo por causa das boas relações que mantém com o Irã, e seu apoio à facção palestina do Hamas em Gaza e aos grupos islâmicos no Egito e na Síria. O bloqueio só foi encerrado no início de 2021, mas as tensões permanecem.

Emir: Hamad al-Thani

O Catar é governado pelo emir Hamad al-Thani, que substituiu o pai em uma transferência de poder pacífica em junho de 2013.

Como seu pai, Hamad al-Thani foi educado na Inglaterra: frequentou a escola Sherborne em Dorset e Sandhurst, a academia militar britânica.

Suas prioridades de governo são a diversificação da economia e o investimento na infraestrutura nacional, mas na prática a sua administração tem sido marcada por tensões regionais e o bloqueio de quatro anos liderado pela Arábia Saudita.

A influente emissora de televisão pan-árabe Al-Jazeera, que é controlada pelo governo, elevou a presença do Catar na mídia internacional. Mas no plano interno a Al-Jazeera, assim como o resto da mídia nacional, evita fazer críticas ao Estado e ao governo.

O nível de utilização da internet no Catar é muito elevado, embora as autoridades censurem conteúdos pornográficos ou considerados ofensivos ao islã.

As relações diplomáticas entre o Brasil e o Catar foram estabelecidas em 1974, três anos após a independência do Catar.

O país abriu sua embaixada em Brasília em 1997, mas chegou a fechá-la dois anos depois por falta de reciprocidade brasileira. A repartição só foi reaberta em 2007, após a visita do então ministro das Relações Exteriores Celso Amorim a Doha e a criação da embaixada brasileira naquela capital em 2005.

Em janeiro de 2010, o emir Hamad al-Thani fez uma visita de trabalho ao Brasil e, em maio do mesmo ano, recebeu o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Doha. O país recebeu também a visita de Dilma Roussef (novembro de 2014), Michel Temer (em 2011 como vice-presidente) e Jair Bolsonaro (outubro de 2019).

Em 2022, o comércio bilateral superou US$ 1 bilhão, valor que até setembro deste ano já montava mais de U$1,1 bilhão. A balança é fortemente deficitária para o Brasil, que em 2021 importou sobretudo adubos e fertilizantes químicos. Já os principais produtos vendidos para o Catar foram carnes de aves, motores e máquinas não elétricos, tubos e perfis ocos, de ferro ou aço, carne bovina e alumina (óxido de alumínio).

O emirado detém vários investimentos no Brasil, principalmente nas áreas bancária, imobiliária e de energia, segundo a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A Companhia de Energia do Catar, junto a um consórcio global, arrematou parte do campo de pré-sal de Sépia, localizado na Bacia de Santos, detendo agora 21% do campo de petróleo.

Datas importantes na história do Catar:

1825 - A dinastia al-Thani estabelece o controle sobre o Catar, até então sob controle da dinastia Al Khalifa do Bahrein.

1871 - Catar é incorporado ao império otomano.

1916 - Catar se torna um protetorado britânico. Por meio de acordo, o Reino Unido se compromete a garantir a proteção do Catar em troca de controlar os seus assuntos estrangeiros.

1939 - Descobertas importantes reservas de petróleo, cujo início da exploração é adiado pela Segunda Guerra Mundial. Logo o petróleo substitui o comércio de pérolas e a pesca como principal fonte de receitas do Catar.

1971 - O Catar se torna independente do Reino Unido.

1996 - Nasce a rede de TV Al-Jazeera, um acontecimento que muda a face da radiodifusão árabe.

Junho de 2005 - Entra em vigor a primeira constituição escrita do Catar. O texto contém algumas liberdades democráticas, mas não permite a formação de partidos políticos.

Dezembro de 2010 - A Fifa - Federação Internacional de Futebol - anuncia que o Catar será a sede da Copa do Mundo de 2022.

Junho de 2017 - A Arábia Saudita e outros países árabes adotam um abrangente bloqueio ao espaço aéreo, transportes, energia, finanças e mídia do Catar, numa tentativa de forçar o país a abandonar laços com grupos islamistas e com o Irã.

Janeiro de 2021 - A Arábia Saudita levanta o bloqueio contra o Catar após um longo processo de mediação envolvendo o vizinho Kuwait e os Estados Unidos.

Outubro de 2022 - Catar e Fifa anunciam que foram vendidos 2,89 milhões de ingressos para as 64 partidas da Copa do Mundo que será disputada no país entre 20 de novembro e 18 de dezembro.

Fonte: correiobraziliense

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