O ativista pró-democracia anglo-egípcio Alaa Abdel Fattah, em perigo de morte após sete meses de greve de fome na prisão no Egito, está "em tratamento médico" – anunciou sua família nesta quinta-feira (10/11). O advogado do ativista afirmou que a prisão lhe negou o acesso ao local onde seu cliente está detido, apesar de ter uma autorização do Ministério do Interior.
"É necessário que nossa mãe, ou um representante da embaixada britânica, possa vê-lo, para que saibamos em que estado de saúde se encontra realmente", acrescentou ela. Para Hossam Bahgat, fundador da Iniciativa Egípcia pelos Direitos Pessoais (EIPR), a maior ONG de direitos humanos do país, isso "significa que está sendo alimentado à força".
Figura central na revolta popular que derrubou o então presidente Hosni Mubarak, Abdel Fattah foi condenado no final de 2021 a cinco anos de prisão por "divulgar informações falsas", depois de passar a maior parte da última década atrás das grades.
O ativista de 40 anos, um ferrenho inimigo do regime do presidente Abdel Fattah al-Sissi, passou meses ingerindo "100 calorias por dia, ou seja, uma colher de mel e um pouco de leite no chá", segundo seus familiares.
Há uma semana, ele parou de comer completamente e, desde o início da COP27, no domingo, na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, também parou de beber líquidos. No início da semana, sua tia, a célebre escritora Ahdaf Sueif, disse haver "rumores de que ele está sedado e sendo alimentado à força".
Ahdaf Sueif pediu, em mensagem no Twitter, que seja "transferido urgentemente para o hospital universitário de Qasr al-Aini", principal estabelecimento público de saúde no Cairo, para que "outros representantes, além dos de Estado, possam vê-lo, assim como seus advogados, ou um representante da embaixada britânica".
Enquanto seus defensores dão-lhe apenas alguns dias de vida – a menos que seja alimentado à força, o que o direito internacional considera como "tortura" e até "crime contra a humanidade " –, a mobilização se acentua.
Na terça, a ONU exigiu sua "libertação imediata". O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, também aproveitaram a COP27 para se referir ao caso do ativista.
Ante a mobilização internacional, a contracampanha se organiza. Um deputado entrou em confronto com Sanaa Seif, a outra irmã de Alaa Abdel Fattah, na COP27, antes de ser expulso pela segurança da ONU. A representação egípcia em Genebra protestou contra as Nações Unidas, que denunciou, por sua vez, "julgamentos injustos" e "prisões arbitrárias" no país.
O Egito é criticado, com frequência, por sua política de direitos humanos. O país tem mais de 60.000 presos de consciência, segundo ONGs.
Fonte: correiobraziliense
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