O presidente americano, Joe Biden, inicia nesta quinta-feira (10/11) uma viagem internacional, fortalecido pelos resultados das eleições legislativas de meio de mandato nos Estados Unidos, que lhe permitirão consolidar em três fóruns multilaterais - a COP27, a Asean e o G20 - sua imagem de defensor da democracia frente a China e Rússia.
Na sexta (11/11), Biden participa da conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP27), realizada na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh.
No dia seguinte, viajará para o Camboja para assistir à cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e na próxima semana estará em Bali, Indonésia, para a cúpula do G20 de potências industrializadas e emergentes.
A comunidade internacional aguardava os resultados das eleições para saber como o presidente Joe Biden ressurgiria em nível global.
Ele continuaria defendendo que os Estados Unidos liderem a luta pela democracia frente aos modelos autocráticos de China e Rússia? Ou sairia como um líder debilitado e ameaçado por um possível retorno de seu antecessor, Donald Trump, ao poder?
Nesta quinta, à medida que avançava a apuração dos votos, os republicanos do ex-presidente Donald Trump pareciam se encaminhar para uma maioria na Câmara de Representantes, mas com uma vitória muito menor do que o esperado.
O líder democrata, de 79 anos, comemorou o resultado das eleições, celebradas dois anos depois das presidenciais e consideradas um referendo sobre o ocupante da Casa Branca.
"[Nossos aliados internacionais] estavam muito preocupados em saber se continuaríamos sendo a democracia livre que éramos e se nossas normas e instituições importavam", disse Biden.
"Com seus votos, o povo americano falou e demonstrou mais uma vez que a democracia encarna o que somos", acrescentou.
O tour de Biden coincide com a volta ao cenário internacional do presidente chinês, Xi Jinping, fortalecido após conquistar um histórico terceiro mandato. Os dois líderes se reunirão na segunda-feira, em Bali, à margem da cúpula do G20.
O G20 é "como uma prova" para Joe Biden, analisou Ash Jain, do laboratório de ideias Atlantic Council. Por um lado, o presidente deseja reforçar o campo democrático. Por outro, busca negociar com regimes autocráticos, colocando-se em uma posição de força.
Rússia e China costumam comemorar "a disfunção" da vida política americana, acrescentou o especialista. Mas os resultados das eleições não lhes deu a oportunidade de festejar.
Os especialistas entrevistados pela AFP acreditam que Biden também tentará colocar os Estados Unidos como líder em outros temas.
Na COP27, o presidente americano lembrará que seu país aprovou neste verão uma lei que investe 369 bilhões de dólares em projetos de energia verde e iniciativas climáticas.
"Pela primeira vez, os Estados Unidos vão pelo bom caminho no que diz respeito às mudanças climáticas", disse Joseph Majkut, especialista em energia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS). Joe Biden vai querer "fazer uma espécie de tour de honra", continuou.
Na Ásia, o dirigente vai enaltecer a fortaleza da economia americana que, apesar da inflação, continua tendo um nível de desemprego baixo e inclusive cria postos de trabalho.
Diante de uma China "que tropeça no crescimento econômico", Biden terá "um pouco de vento em popa" quando se sentar à mesa, diz Matthew Goodman, especialista em economia do CSIS.
Mas o contexto favorável não apaga as dúvidas dos aliados dos Estados Unidos e seus adversários autocráticos sobre a longevidade da doutrina de Joe Biden, que fará 80 anos em 20 de novembro.
O presidente disse na quarta-feira que tinha a "intenção de voltar a se candidatar" para um segundo mandato em 2024, mas seu tom cauteloso contrasta com a atitude revanchista de Donald Trump.
E embora o ex-presidente não dispute a reeleição, a política externa isolacionista que defendeu continua sendo amplamente compartilhada em Washington.
Fonte: correiobraziliense
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