14 de Novembro de 2024

Xi e Biden se encontram e tentam evitar nova Guerra Fria


crédito: Saul Loeb/AFP

Distensionar as relações, distanciar-se de uma nova Guerra Fria e tratar abertamente de temas delicados, como Taiwan, Ucrânia, direitos humanos e Coreia do Norte. Com esses objetivos, os presidentes Joe Biden (Estados Unidos) e Xi Jinping (China) se encontraram em Bali (Indonésia) e conversaram por cerca de três horas na primeira reunião presencial desde que o norte-americano assumiu o poder.

Os dois líderes sinalizaram convergência em relação à não utilização de armas nucleares no conflito ucraniano, acordaram reativar mecanismos de consulta bilateral e mostraram discordância em relação ao status quo de Taiwan — ilha democrática e capitalista que Pequim considera ser parte inalienável de seu território. 

O encontro ocorreu à margem da cúpula do G20 (grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia), que se inicia hoje e termina amanhã. Os dois líderes chegam ao evento fortalecidos. Biden sobreviveu às eleições de meio de mandato, e seu Partido Democrata manteve a maioria no Senado. Xi, por sua vez, conquistou o terceiro mandato e consolidou o seu poder durante o Congresso do Partido Comunista Chinês, no mês passado. 

"Nós tivemos uma conversa aberta e franca sobe nossas intenções e nossas prioridades. Ficou claro que defenderemos os interesses e os valores americanos, promoveremos os direitos humanos universais e nos levantaremos em prol da ordem internacional", declarou Biden a jornalistas, ao fim do encontro. "Nós vamos competir vigorosamente, mas não estou procurando o conflito. Estou procurando gerenciar essa competição com responsabilidade", acrescentou. "Eu absolutamente acredito que não há necessidade de uma nova Guerra Fria." 

Mais cedo, ao lado de Xi, ele fez um pronunciamento no qual lembrou que China e EUA podem administrar as diferenças, impedir que a competição se torne algo próximo de um conflito e encontrar maneiras de trabalharem, juntos, em temas globais urgentes que exigem cooperação mútua. Por sua vez, o presidente chinês afirmou que "um estadista deveria pensar e saber para onde liderar o seu país". "Ele também deveria pensar e saber como se dar bem com outras nações e com o mundo geral", disse Xi. "Temos que encontrar o caminho correto para as relações."

Segundo a agência de notícias estatal chinesa Xinhua, Xi assegurou que a o estado atual das relações sinoamericanas não é do interesse fundamental dos dois países e povos, e não está em consonância com o que a comunidade internacional espera. Ele defendeu que os sucessos da China e dos EUA representam oportunidades, não desafios, para Pequim e Washington. Xi também reforçou que o mundo é "grande o bastante" para que os dois países se desenvolvam e prosperem. 

Biden confirmou que falou com o colega chinês sobre "a agressão russa" contra a Ucrânia. "Nós reafirmarmos nossa crença compartilhada na ameaça em que o uso de armas nucleares é absolutamente inaceitável", relatou o democrata, que decidiu enviar a Pequim, nos próximos dias, o secretário de Estado, Antony Blinken. Segundo o presidente norte-americano, o chefe da diplomacia dos EUA acompanhará as conversas de mais alto nível e continuará a manter as linhas de comunicação abertas.

Joe Biden garantiu a Xi que a abordagem norte-americana para Taiwan não mudou e que Washington segue comprometido com a política da "China única". "Deixei claro que queremos ver as questões sobre o Estreito (de Taiwan) resolvidas de forma pacifica", disse o líder dos EUA. "Não acho que haja qualquer tentativa iminente da China de invadir Taiwan."

Em comunicado à imprensa, a Casa Branca anunciou que Biden levantou objeções dos EUA às "ações coercitivas e cada vez mais agressivas em relação a a Taiwan". De acordo com os meios estatais, Xi afirmou a Biden que "a questão de Taiwan é o coração dos interesses centrais da China, o alicerce na fundação política das relações China-EUA, e a primeira linha vermelha que não deve ser atravessada".

A Casa Branca informou que Biden mostrou preocupação sobre "práticas da China em Xinjiang, no Tibete, em Hong Kong", e sobre "direitos humanos de forma mais ampla". Ativistas e ONGs acusam a China de perseguir os uigures, minoria étnica da província de Xinjiang (noroeste), e de construir campos de "reeducação" na região. 

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Em uma visita surpresa repleta de simbolismo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, esteve ontem em Kherson, três dias depois de soldados russas se retirarem da cidade na região sul do país. "Esse é o início do fim da guerra", declarou, admitindo que recuperar os territórios ocupados pela Rússia será "um caminho longo e difícil". Com a mão no peito (foto), assim como outros funcionários civis e militares presentes, ele cantou o hino nacional enquanto a bandeira ucraniana era hasteada diante do edifício da administração regional, no centro de Kherson. "É importante estar aqui (...) para que as pessoas possam sentir que não são apenas palavras e promessas, e sim que realmente voltamos e hasteamos nossa bandeira", afirmou Zelensky em um vídeo divulgado nas redes sociais. O porta-voz do governo da Rússia, Dmitri Peskov, negou que a visita do líder ucraniano tenha qualquer impacto sobre o status da região de Kherson, que Moscou anexou à Rússia em uma cerimônia no mês passado. "Sabem muito bem que é o território da Federação Russa", disse ele. Ontem, a companhia de eletricidade ucraniana Ukrenergo informou que os russos destruíram uma importante usina antes de se retirarem da margem ocidental do rio Dnipro, em Kherson. Zelensky foi mais além e disse que "todas as infraestruturas cruciais" foram devastadas pelos russos em Kherson. 

Fonte: correiobraziliense

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