19 de Setembro de 2024

Reino Unido: Sunak aumenta impostos para conter a recessão


crédito: Jessica Taylor/Parlamento do Reino Unido/AFP

Na tentativa de estancar a recessão, o governo do premiê Rishi Sunak apresentou ao Parlamento um pacote orçamentário marcado pela austeridade fiscal. O plano do ministro das Finanças, Jeremy Hunt, inclui aumentos de impostos e cortes de gastos públicos, na expectativa de economizar 55 bilhões de libras esterlinas (cerca de R$ 353 bilhões). "Combater a inflação é minha prioridade absoluta e isso orienta as difíceis decisões fiscais e de gastos que tomaremos", afirmou Hunt, ao anunciar o chamado "orçamento do outono". "Nossas prioridades são estabilidade, crescimento e serviços públicos", afirmou o ministro das Finanças, Jeremy Hunt. 

O "orçamento de outono" prevê o aumento de imposto sobre os lucros excepcionais das empresas petrolíferas dos atuais 25% para 35%, com extensão por três anos, até 2028. O governo também criou "um novo imposto temporário de 45% sobre os produtores de eletricidade". As aposentadorias e os empréstimos sociais passarão a ser atualizados de acordo com a inflação. Os governos municipais estão autorizados a aumentar os impostos municipais como forma de financiar  a assistência sociail.

Professor da Universidade de Buckingham, Anthony Glees afirmou ao Correio que o teste para o sucesso ou o fracasso do orçamento apresentado por Hunt dependerá do veredicto de dois grupos: os eleitores e os mercados financeiros internacionais. "O governo teve que preencher um 'buraco negro' de 54 bilhões de libras esterlinas (cerca de R$ 346 bilhões) que o ministro disse ter sido causado por 'ventos contrários globais'. Na prática, Hunt isentou a ex-premiê Liz Truss de responsabilidade. No entanto, ninguém crê no governo. As condições ruins da economia indicam que precisaremos de mais empréstimos para manter os serviços públicos em funcionamento."

Segundo Glees, apesar das cifras prometidas, a inflação encontra-se acima de 10% — uma queda de 7,1% no padrão de vida das famílias britânicas pelos próximos dois anos. "Trata-se do declínio mais acentuado em seis décadas, com a mais alta carga tributária em 80 anos", advertiu. O especialista culpou o Brexit (dívórcio entre Reino Unido e União Europeia) pela crise. "O Brexit causou um dano de longo prazo em nosso Produto Interno Bruto (PIB), uma queda de 4%. Também reduziu o comércio externo em 14%. Por isso, o governo não tinha alternativa a não ser aumentar os impostos."

No entanto, Glees ressaltou que o governo planeja inflacionar os impostos de todos os contribuintes em 2024, depois das eleições gerais. "O pensamento de Sunak é claramente que isso lhe dá chance melhor de ganhar o pleito. Em caso de derrota, vai sobrecarregar o Partido Trabalhista com o que serão medidas impopulares."

Andrew Blick, diretor do Departamento de Economia Política do King's College London, disse ao Correio que os britânicos esperam uma queda nos padrões de vida de proporções históricas. Ele explicou que a inflação dificulta a situação. "O governo está tomando a medida incomum de aumentar impostos durante uma provável grave recessão. Podemos esperar consequências sociais e políticas de algum tipo, talvez severas."

"Hunt causou uma boa impressão, mas ele tinha péssimas cartas nas mãos. No fim, são as cartas que contam, não as palavras. Os conservadores não podem se dar ao luxo de mudar premiês e ministros das Finanças novamente. Foram cinco primeiros-ministros desde 2016 e seis ministros das Finanças. Se o aumento de impostos causar agitação piopular, os tories (conservadores) tentarão responder a esse cenário derrubando Sunak e Hunt e convocando novas eleições gerais."

Fonte: correiobraziliense

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