22 de Novembro de 2024

Atirador responderá por homicídio e crime de ódio após chacina em boate LGBT


crédito: Scott Olson/Getty Images/AFP

No chão, a poucos metros da Club Q — uma boate que há 21 anos era considerada como um refúgio da comunidade LGBTQIA+ em uma cidade ultraconservadora — flores e velas se misturavam a bandeiras com as cores do arco-íris e a cartazes que pregavam o amor onde a intolerância matou cinco pessoas e feriu 17, no início da madrugada de domingo. Anderson Lee Aldrich, 22 anos, o homem que invadiu o estabelecimento e disparou com um fuzil AR-15 e uma pistola foi acusado preliminarmente por homicídios e crimes de ódio. No entanto, segundo o jornal The Washington Post, as acusações formais levarão algum tempo. 

Os frequentadores da Club Q e moradores de Colorado Springs se preparavam para mais uma noite de vigília. Muitos deles experimentavam revolta, comoção e consternação ante a tragédia, a segunda em seis anos a atingir uma boate LGBTQIA+ nos Estados Unidos. Em 12 de junho de 2016, Omar Matteen, 29, matou 49 e feriu 53, na Pulse, em Orlando (Flórida).

Em entrevista ao Correio, Rodrigo Heng-Lehtinen, diretor executivo do Centro Nacional para Igualdade Transgênero nos EUA, assegurou que os tiroteios na Pulse e na Clube Q foram crimes de ódio. "Ambos representaram ataques ao povo LGBTQIA+ motivados pela intolerância", admitiu. "A comunidade LGBTQIA+ no Colorado e em todo o mundo merecem segurança. Nós merecemos viver em paz. Aqui, em nossa organização, lutaremos por esse futuro onde todos possamos nos sentir seguros, sendo nós mesmos, de modo autêntico."

"Foi um crime cometido por um jovem mentalmente instável, influenciado por líderes políticas, pela legislação e pela mídia. Ele decidiu levar essas crenças em seu coração cheio de ódio. Ninguém deveria ter que passar pelo que alguns de meus conhecidos passaram ou enfrentar a turbulência emocional que a comunidade gay vivencia agora", desabafou à reportagem Mercedes Schurrer-Maro, 24, frequentadora da Club Q que se define como demissexual (sente atração sexual por outra pessoa após formar conexão emocional) e aliada da causa LGBTQIA+.

"A Club Q talvez fosse a única boate ou bar LGBTQIA+ em Colorado Springs e era um refúgio seguro para tantas pessoas. Era um bom lugar para ir e fazer amigos que tinha os mesmos sistemas de crença. Um local onde o amor era sempre partilhado, não importava quem você era ou como você havia chegado lá", acrescentou Mercedes, que perdeu dois amigos na tragédia: Derrick Rump, 38, e Daniel Aston, 28. "Eles eram tão carinhosos e amorosos. Se você tivesse um dia ruim, era como se Danny soubesse e ele sempre o faria rir." Além de Derrick e de Daniel, morreram Raymond Green Vance, 22, barman da boate; Kelly Loving, uma mulher transgênero de 40; e Ashley Paugh, 35, casada e mãe de uma garota de 11.

Aos poucos, surgem detalhes do crime. Anderson Lee Aldrich invadiu o local pouco depois de um show de dragqueens por ocasião do Dia da Memória Transgênero, comemorado mundialmente no último domingo e dedicado às vítimas de violência transfóbica. "Eu olhei para cima e vi a sombra de uma pessoa alta segurando uma arma. Consegui ver bem a arma", contou à agência France-Presse o barman Michael Anderson. "Explosão após explosão. Foi absolutamente aterrorizante. Fui atrás do bar. O vidro voava ao meu redor, como se houvesse balas quebrando as garrafas e tudo lá dentro".

Atos de heroísmo podem ter salvado dezenas de vidas. Richard M. Fierro, 45, um veterano do Exército, foi à Club Q  com a esposa para assistir a uma apresentação da filha, Kassy. "Meu marido derrubou o atirador. Ele tirou o AR-15 das mãos dele, pegou a pistola e literalmente começou a bater no cara com ela", relatou à NBC News Jessica Fierro. "Nossos melhores amigos foram baleados várias vezes. Rich machucou as mãos, os joelhos e o tornozelo ao prender o atirador, que estava coberto de sangue. (...) Com o coração incrivelmente pesado e partido, perdemos Raymond, que fazia parte de nossas vidas desde que nossa filha estava na escola secundária. Raymond era namorado de Kassy."  Os proprietários da Club Q, Nic Grezcka e Michael Anderson, ajudaram Richard a conter o assassino. 

No domingo, o presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que rezava pelas famílias das vítimas e pelos feridos nesse "ataque sem sentido". "Embora nenhum motivo desse ataque esteja claro, sabemos que a violência armada tem um impacto particular nas comunidades LGBTQIA+ em todo o país", declarou.

Rodrigo Heng-Lehtinen, diretor executivo do Centro Nacional para Igualdade Transgênero nos EUA
Rodrigo Heng-Lehtinen, diretor executivo do Centro Nacional para Igualdade Transgênero nos EUA (foto: Fotos: Arquivo pessoal )

"O fácil acesso às armas nos EUA torna o ódio ainda mais letal. Sem as proteções básicas de segurança de armas, os mais vulneráveis entre nós correm o risco de morte apenas por serem autênticos. Aqueles que pensam que nada singnificamos são encorajados a nos atacar.Eles ganham os meios para tirar nossas próprias vidas com apenas um tiro. Precisamos de verificações universais de antecedentes criminais e uma proibição à venda de armas de assalto e de pentes de alta capacidade."

"Acho que a segurança provavelmente foi um problema na Club Q. Mais isso não muda o impacto da tragédia. Considero-a como um crime de ódio com muitas camadas que a sociedade precisa confrontarhá muito tempo."

Fonte: correiobraziliense

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