Considerado o ponto de destaque do pacote de ajuda prometido por Estados Unidos à Ucrânia durante o encontro entre os presidentes Joe Biden e Volodymyr Zelensky, o poderio do sistema de defesa aéreo Patriot foi depreciado ontem pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. Em entrevista coletiva, o chefe do Kremlin garantiu que seu Exército encontrará uma forma de evitar os mísseis americanos.
"O sistema Patriot é bastante velho. Não funciona como o nosso S-300. Aqueles que nos enfrentam afirmam que se trata de uma arma defensiva. Pois bem, vamos levar isso em conta. Sempre haverá um antídoto. De modo que as pessoas que estão fazendo isso, fazem isso em vão. Não tem outra utilidade além de prolongar o conflito", afirmou Putin, acrescentando: "Vamos nos esforçar para que isso (a guerra) termine. E quanto antes, melhor, é claro."
Para o governo russo, ao receber o líder ucraniano na Casa Branca, Biden demonstra que não tem intenção de "ouvir a Rússia" e que Washington está travando "uma guerra indireta" contra a Rússia na Ucrânia. Na primeira viagem internacional desde o início do conflito, há 10 meses, Zelensky foi tratado como um herói na capital americana, onde também fez um discurso aplaudido perante o Congresso. O líder democrata garantiu ao ucraniano apoio "pelo tempo que for necessário".
Segundo o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, não houve durante o encontro "verdadeiros apelos à paz". E nem mesmo "advertências" dos Estados Unidos a Zelensky contra "o bombardeio contínuo de prédios residenciais em áreas populosas do Donbass". Essa região do leste da Ucrânia é parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia e, com frequência, bombardeada pelas forças ucranianas. "Isso mostra que os Estados Unidos continuam em sua linha de guerra, de fato e indireta, com a Rússia", observou Peskov.
Ainda na quarta-feira, ao saber do pacote de ajuda a Zelensky, o porta-voz de Putin alertou que o fornecimento de armas dos EUA para Kiev "leva a um agravamento do conflito e não é um bom presságio para a Ucrânia". Nos últimos meses, as tropas russas sofreram vários reveses militares e foram expulsas da região de Kharkiv (nordeste) e da cidade de Kherson (sul).
Desde outubro, Moscou mudou sua estratégia e optou por bombardeios maciços contra a infraestrutura básica ucraniana. A ofensiva privou milhões de pessoas de eletricidade, água e calefação. Esses apagões afetaram Kiev, onde a situação energética foi classificada como "difícil", ontem, pelo chefe da administração militar da capital, Serhiy Popko.
Para Zelensky, a bateria de mísseis de interceptação aérea Patriot poderá fortalecer "significativamente" a defesa contra esse tipo de ataque. Antes de usar o sistema, porém, as forças de segurança ucranianas terão de passar por um treinamento.
Embora fale que almeja o fim do conflito, Vladimir Putin participou de uma reunião para definir as prioridades do Exército russo para 2023. Ele prometeu fortalecer as capacidades militares, incluindo as nucleares. Também anunciou a entrada em serviço "no início de janeiro" de novos mísseis de cruzeiro hipersônicos Zircon e um aumento na força do Exército para 1,5 milhão de soldados.
Na reunião, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, garantiu que as tropas russas vão combater "as forças combinadas do Ocidente". Também revelou o plano de estabelecer bases de apoio à sua frota em Mariupol e em Berdiansk, cidades ocupadas no sul da Ucrânia. Sem dar detalhes, o gabinete do ministro informou que ele foi ao "front" de batalha para inspecionar as posições russas e as condições de pessoal e de material.
Por sua vez, o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov, confirmou, ontem, que o objetivo das forças russas na Ucrânia era tomar o controle da totalidade da província de Donetsk, no leste. Segundo ele, há uma "estabilização" da linha de frente, de aproximadamente 815 km de extensão.
Em seu retorno dos Estados Unidos, logo após o discurso no Capitólio, o presidente ucraniano teve um encontro com o colega polonês, Andrzej Duda, no aeroporto de Rzeszow-Jasionka, no sudeste do país. O próprio Zelensky divulgou a reunião nas redes sociais.
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Fonte: correiobraziliense
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