O Exército do Paquistão prometeu, ontem, "justiça exemplar" em resposta ao atentado terrorista contra uma mesquita localizada dentro de um complexo da polícia, em Peshawar (noroeste). Às 13h40 (5h40 em Brasília) de segunda-feira, um homem-bomba detonou os explosivos atados ao corpo, no momento da oração. O extremista estava sentado na primeira fileira, entre os fiéis. O número de mortos no ataque subiu para 100. A maioria das vítimas era formada por policiais. O grupo Tehrik-i-Taliban-Pakistan (TTP ou Talibã paquistanês) reivindicou a autoria. Entre 300 e 400 pessoas estavam na mesquita, no momento da explosão, que derrubou uma parede inteira sobre a multidão.
O chefe da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan, disse à agência France-Presse que o ato terrorista foi uma retaliação por operações contra grupos islâmicos armados. "Estamos na linha de frente na luta contra eles e é por isso que fomos atacados", declarou.
Diretor do Centro para Pesquisas e Estudos sobre Segurança (em Islamabad) e autor de A conexão Al-Qaeda — o Talibã e o terror em áreas tribais, Imtiaz Gul perdeu um primo, policial, no atentado em Peshawar. "É, simplesmente, mais um ato de terrorismo por procuração, cometido por uma das franquias terroristas. Elas usam nomes diferentes, mas o objetivo é o mesmo: criar medo e pânico entre as pessoas e projetar uma sensação de insegurança no Paquistão", afirmou ao Correio, por e-mail.
De acordo com Gul, o TTP e outros grupos se denominam "islamitas" ou "jihadistas", apesar de visarem a morte de inocentes e de forças de segurança, com o propósito de promover a instabilidade. Ele lembra que, também em Peshawar, o TPP cometeu outros dois grandes atentados: em 2013, matou 90 fiéis em uma igreja; em dezembro de 2014, 150 estudantes. "Isso mostra a natureza do terror, baseada no assassinato indiscriminado. Ele é alimentado por forças externas que desejam manter a instabilidade no Paquistão", disse Gul.
Hasan-Askari Rizvi, estrategista militar da Universidade do Punjab (em Lahore), admitiu à reportagem que os atentados nas províncias de Khyber-Pakhtunkhwa e Baloquistão, ambas na fronteira com o Afeganistão, aumentaram desde 2022. "O ataque suicida em Peshawar foi na primeira província. As ações têm sido reivindicadas pelo TTP e pelo Estado Islâmico. No entanto, essas organizações têm presença limitada em meu país, apesar de contarem com simpatizantes no lado paquistanês da fronteira."
"Apesar de o governo do Talibã, em Cabul, ter prometido que não deixaria que o Afeganistão fosse usado contra outro vizinho, o TTP está sediado lá e tem relações com o regime afegão. Um diálogo limitado entre o Paquistão e o TTP ocorreu, em 2022, por iniciativa do governo de Cabul, mas fracassou. O Afeganistão nada faz para impedir que o TTP e grupos aliados se envolvam com o terrorismo no Paquistão. Existem lacunas nos arranjos de segurança na fronteira Paquistão-Afegão, possibilitando que os ativistas desse grupo se movimentem nos dois sentidos."
Fonte: correiobraziliense
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