Com a proximidade do primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, aumenta potencialmente a tensão na região. Ontem, enquanto a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) debatia meios de acelerar o envio de armas e munições para Kiev, veio a público a informação de que Moscou começou a posicionar navios táticos nucleares no Mar Báltico, no norte da Europa. É a primeira vez que isso ocorre em três décadas, segundo informações do jornal espanhol El País, com base em um documento da inteligência da Noruega.
"A parte principal do potencial nuclear está nos submarinos e navios de superfície da Frota do Norte", alertou o relatório anual do Serviço de Inteligência Noruguês, destacando que o risco de uma escalada nuclear aumentou devido à possibilidade de desentendimentos entre Moscou e a Aliança Atlântica. De acordo com o informe, a movimentação de embarcações táticas era frequente durante a Guerra Fria, mas não havia ocorrido depois disso.
Segundo a inteligência norueguesa, os navios táticos representam uma ameaça "particularmente séria em vários cenários operacionais nos quais os países da Otan podem estar envolvidos". Moscou também agrupa aviões e helicópteros em torno da Ucrânia.
O Exército do presidente Vladimir Putin, apesar do desgaste de ações terrestres recentes, também estaria lançando uma nova e mais ampla ofensiva no leste da Ucrânia, conforme a Otan. "A Rússia está introduzindo novas tropas no campo de batalha. Muitas delas estão mal treinadas e mal equipadas, então a taxa de baixas tem sido realmente alta", observou o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin. Ele espera que as forças de Kiev lancem sua própria contraofensiva na primavera.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou, em discurso na noite de ontem, que a situação tem ficado cada vez mais delicada no leste do país, onde as tropas russas avançaram nas últimas semanas. Os combates pela cidade de Bakhmut se intensificavam. "A situação na linha de frente, e em particular nas regiões de Donetsk e Lugansk, segue sendo extremamente difícil. É literalmente uma batalha metro por metro", declarou.
Ontem, foram ouvidos disparos de artilharia contra as linhas russas em torno de Bakhmut, alvo de uma grande ofensiva russa. A cidade não é considerada estratégica, mas se tornou um símbolo da resistência ucraniana. O chefe do grupo paramilitar russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu dificuldades para conquistar Bakhmut. "Não será tomada amanhã, porque há forte resistência e bombardeios. É um moedor de carne em funcionamento", ressaltou.
Reunidos na sede da Otan, em Bruxelas, os aliados de Kiev se concentraram em garantir o fluxo de munições e blindados de que precisam para enfrentar a ofensiva russa no terreno. De sua parte, Zelensky atenuou as demandas por caças depois de conseguir as promessas de tanques, defesa aérea e mísseis.
Ao sair da reunião, o general americano Mark Milley afirmou que a Rússia já é derrotada nessa guerra. "A Rússia perdeu, perdeu estratégica, operacional e taticamente, e está pagando um preço alto", opinou. No entanto, à medida que as hostilidades persistem, "a comunidade internacional continuará a apoiar a Ucrânia com o equipamento e as capacidades de que necessita", acrescentou.
Liderados pelos Estados Unidos, os aliados ocidentais de Zelensky, já forneceram dezenas de bilhões de dólares em armas para contribuir na defesa ucraniana.
Na segunda-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, admitiu que a Ucrânia está usando mais munições do que a aliança é capaz de produzir e alertou que os contratos com as indústrias de armas precisam ser fortalecidos. Segundo a imprensa alemã, esses acordos permitiriam a entrega de 300 mil munições a Kiev a partir de julho.
Para os aliados europeus da organização, o fluxo de munição para o armamento fornecido aos ucranianos tornou-se uma prioridade problemática. Stoltenberg assinalou que essa é uma guerra de desgaste e uma batalha logística. Os ucranianos precisam com urgência de munições de 155 milímetros, das quais usam milhares diariamente.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, anunciou que a indústria de seu país se prepara para fortalecer uma linha de produção de munição específica para sistemas de defesa antiaérea Guepard. De acordo com a mídia alemã, isso permitirá a entrega de 300 mil munições à Ucrânia a partir de julho. Por sua vez, a Eslováquia afirmou que está disposta a discutir o envio de antigos aviões MiG-29 soviéticos para ajudar a repor as perdas pelos ucranianos.
Fonte: correiobraziliense
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