Era o terceiro dia do Pessach, a Páscoa judaica. Uma mulher de 48 anos e as filhas, de 21 e de 15, deixaram o assentamento de Efrat, no Vale do Rio Jordão, região norte da Cisjordânia, em uma viagem para aproveitarem o feriado. O pai seguia em um carro mais a frente, acompanhado de duas crianças. Atiradores emboscaram o veículo que levava as três mulheres — todas imigrantes britânicas. As duas irmãs morreram na hora; a mãe foi hospitalizada, em estado crítico. Até o fechamento desta edição, a polícia de Israel seguia em busca dos autores do atentado.
Por volta das 21h40 (15h40 em Brasília), quase quatro horas depois do início do shabat (o dia de descanso do judaísmo), um homem identificado como Yousef Abu Jaber, 44 anos, morador da cidade árabe-israelense de Kar Qasem, avançou com o carro em alta velocidade sobre o calçadão de Tel Aviv, à beira-mar, e atropelou vários pedestres. Alessandro Parini, um advogado italiano de 36 anos, não resistiu às lesões e faleceu no local. Ele passava as férias na cidade. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas, todas elas seriam turistas da Itália e do Reino Unido.
"Um policial que estava em um posto de combustível próximo escutou um barulho e percebeu um carro capotado, além de várias pessoas deitadas no chão. Ele se aproximou do carro e viu que o motorista tentava pegar uma arma em seu poder. O policial e inspetores da Prefeitura de Tel Aviv neutralizaram o terrorista", informou a polícia de Israel, em seu perfil no Twitter. Ainda segundo a postagem, Abu Jaber não possuía ficha criminal.
Militantes da Jihad Islâmica distribuíram doces, na cidade de Tulkarem (Cisjordânia), como forma de comemorar o atentado em Tel Aviv. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou a mobilização da Polícia de Fronteira e convocou reservistas das Forças de Defesa de Israel (IDF) em resposta aos ataques.
Chefe do Departamento Político e de Relações Exteriores do Hamas na Faixa de Gaza, Bassem Naim afirmou ao Correio não saber quem é o responsável pelo atentado contra duas irmãs e a mãe no Vale do Jordão. "Geralmente, o movimento... Nós consideramos o direito do palestino sob ocupação resistir com todos os meios. Isso é garantido pelo direito internacional. Nesse caso, em particular, falamos de colonos que confiscaram e roubaram a terra de palestinos e construíram, ali, casas e fazendas. Temos uma causa a mais para resistir, porque as próprias resoluções da ONU atestam que a ocupação com assentamentos nos territórios das fronteiras de 1968 é algo ilegal e minam qualquer solução política", comentou, por telefone.
Naim também negou envolvimento do Hamas nos atentados em Tel Aviv, mas disse que são "uma resposta esperada ao terrorismo de Estado israelense". De acordo com ele, a situação na Faixa de Gaza é "muito tensa e perigosa". "Podemos escutar, o tempo, os drones israelenses se movendo pelo céu, do sul ao norte. Neste momento, ouvimos bombardeios. (...) A agressão contínua contra os palestinos minará a própria segurança de Israel e de seu povo", advertiu o líder do Hamas.
Tenente-coronel da reserva e ex-porta-voz das IDF, Peter Lerner explicou à reportagem que, desde quinta-feira, o país tem estado sob ataque em todas as frentes: Líbano, Gaza, Cisjordânia e Tel Aviv. "O Hamas é o principal agitador de violência e incitamento. Por isso, as IDF realizam ofensivas contra a infraestrutura do Hamas na Faixa de Gaza e em território libanês", disse. "Os atentados de hoje (ontem) são inspirados pelo Hamas, e uma conexão direta ainda não foi feita. Os próximos dias serão críticos para reduzir as tensões."
Mais cedo, as IDF tornaram a bombardear a Faixa de Gaza. Na fronteira norte do país, a aviação israelense teria disparado mísseis contra a cidade libanesa de Tiro, um dia depois de 34 foguetes serem lançados a partir do Líbano — o mais grave incidente desde 2006. Egito e Catar condenaram a escalada de violência na região e recomendaram "máxima contenção".
"Eu só quero ter uma vida normal, poder sair", desabafou ao Correio o jornalista Shuaib Yousef, 39, morador do bairro de Rimal, na Cidade de Gaza. "Parece que, enquanto os eventos prosseguirem na Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), os atos de violência e de represália continuarão", comentou. Segundo Yousef, a madrugada de ontem foi particularmente tensa. "Escutamos o barulho de explosões muito fortes; as crianças viveram um terror, com medo. Tudo deve ter ocorrido a 10 minutos de minha casa", acrescentou.
Na noite de terça-feira, a polícia israelense invadiu a mesquita, considerado o terceiro local mais sagrado para o islã, e prendeu pelo menos 350 muçulmanos. As forças de segurança de Israel afirmam que um grupo de agitadores tinha se misturado aos fiéis e lançado pedras e rojões contra os policiais.
Fonte: correiobraziliense
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