22 de Novembro de 2024

'Morri em vida': a jornada de apresentadora de TV com um dos cânceres mais difíceis de tratar


crédito: Reprodução/TVN

A vida da famosa apresentadora de TV chilena Claudia Conserva mudou drasticamente em 17 de junho de 2022.

Naquele dia, a apresentadora, de 49 anos, fez uma mamografia, como era rotina a cada ano.

No entanto, desta vez, os médicos disseram que ela tinha um câncer de mama triplo negativo — um dos cânceres mais agressivos e difíceis de tratar.

No chamado triplo negativo, as células cancerígenas não têm receptores de estrogênio ou progesterona e não produzem a proteína HER2. Esse tumor é considerado agressivo porque tem "crescimento rápido, maior probabilidade de se disseminar no momento do diagnóstico e maior chance de recidiva após o tratamento do que outros tipos de câncer de mama", segundo o Instituto Oncoguia.

Desde o diagnóstico, Conserva está em tratamento, que inclui várias rodadas de quimioterapia. Parte dessa jornada é retratada em um documentário chamado Brava — que estreou no canal Televisión Nacional de Chile (TVN) e está disponível —, com imagens feitas pela própria Claudia Conserva com seu celular, seja de casa ou da clínica privada onde ela é tratada.

A apresentadora afirma que o objetivo da publicação desse material é conscientizar sobre a importância dos exames de rotina para detectar o câncer de mama a tempo.

"Quis compartilhar essa experiência íntima porque essa mensagem me parece urgente. Brava mostra que um diagnóstico oportuno pode ajudar a salvar sua vida", ela diz no início do documentário, que não está disponível no Brasil.

O programa tem causado todo tipo de reação no Chile, inclusive algumas críticas por não refletir como a doença é tratada na rede pública do país. Houve também quem tenha acusado Claudia Conserva de supostamente "lucrar" com sua doença.

A apresentadora junta-se a outras personalidades que quiseram tornar visível seu tratamento contra o câncer.

Uma delas foi a apresentadora da BBC Deborah James, que, após ser diagnosticada com câncer de intestino em 2016, tornou-se uma ativista contra a doença — arrecadando dinheiro para pesquisas científicas e campanhas de conscientização. James morreu em junho do ano passado.

Claudia Conserva iniciou sua carreira na televisão no Chile em 1990, quando tinha apenas 16 anos.

Desde então, conduziu vários programas de televisão, desde matutinos a reality shows de sucesso, além de participar de várias novelas. Esses últimos 30 anos nas telas fizeram dela uma personalidade conhecida e amada no país.

Assim, quando ela divulgou publicamente seu diagnóstico de câncer de mama por meio do Instagram, houve forte comoção.

A apresentadora decidiu colocar a carreira televisiva em suspenso e, desde junho, não apareceu nem no seu programa, intitulado MILF, nem em qualquer outro.

"Entendi que tinha que me dedicar exclusivamente à cura. E que tinha que deixar para trás minha antiga vida", explica ela no documentário, referindo-se ao excesso de trabalho e aos cigarros que fumava diariamente.

Seu processo de recuperação foi especialmente complexo devido à pandemia de coronavírus. Sem poder sair de casa ou ver amigos e parentes, principalmente no início do tratamento, Claudia Conserva diz que gravar a si própria foi uma "terapia".

"Senti que era bom para mim", diz ela em Brava.

Após ser diagnosticada pela primeira vez, a apresentadora teve que passar por vários exames, incluindo uma biópsia para saber a agressividade de seu câncer e uma tomografia conhecida como PET para determinar a extensão da doença no corpo.

Este último exame mostrou que o tumor afetava apenas o seio direito, mas a biópsia confirmou que seu câncer era especialmente agressivo. Conserva diz que "o mundo desabou" naquele minuto.

"Mesmo sabendo que não havia metástase, sabia que era um câncer agressivo e enlouqueci. Desapareci. Morri em vida", lembra a apresentadora no documentário, visivelmente emocionada.

Para ela, uma das coisas mais difíceis nesse processo é ver sua família acompanhando-a na tristeza.

"A dor de ver seus filhos sofrendo por você é de partir o coração. A dor de ver seu marido indefeso...", diz ela no documentário.

Seu marido, Juan Carlos Valdivia, também um conhecido apresentador chileno, a acompanhou durante todo o tratamento, assim como sua irmã Francisca.

Ela os agradeceu em uma postagem em outubro do ano passado no Instagram.

"Como são importantes o apoio emocional, a empatia, a confiança, a paciência, a companhia, o carinho... O câncer é um drama que afeta todos nós (...) Um abraço apertado aos doentes e suas famílias. Esta doença não é fácil… Todos sofremos, o ambiente é afetado."

Desde julho de 2022, a apresentadora passou por várias sessões de quimioterapia, que registrou em detalhes por meio de seu celular. Em Brava, ela aparece sendo atendida na clínica, cercada pelo cateter venoso e por especialistas, ou sendo levada de um lugar para outro em uma maca.

"Esta é a primeira batalha desta guerra em que vou dar absolutamente tudo para matar o inimigo", diz em uma das cenas.

"Há uma escritora americana chamada Anne Boyer que, no seu livro Destroy, diz que aceitar fazer quimioterapia é como escolher pular de um prédio quando alguém está apontando uma arma para sua cabeça. Essa frase me gerou identificação. Quer dizer, não há saída."

Após a primeira quimioterapia, Claudia Conserva conta que se sentiu feliz e aliviada por saber que estava tratando a doença.

"Estou feliz", ela repete várias vezes na filmagem.

Mais tarde, porém, o quadro mudou quando ela começou a sentir os efeitos do tratamento.

"Agora me sinto mal. Estou enjoada. É incapacitante. Eu não conseguia dirigir", diz. "Ainda bem que fui eu. Não suportaria ver um filho passar por isso. Ainda bem que fui eu e não eles."

Durante o tratamento, um dos processos mais difíceis para a apresentadora foi a queda de cabelo e, principalmente, o momento em que ela teve que raspá-lo.

"Nunca pensei que ser completamente careca me afetaria tanto. E sim, algo aconteceu comigo", reconhece ela no documentário.

"Tenho estado mais instável emocionalmente... o fato de ficar sem cabelo... você não tem mais como negar que está doente."

A apresentadora desabafa que já não tem motivação e está triste e cansada. "Estou exausta, cansada de ter câncer", diz.

Apesar de sua evolução ter sido boa, Claudia Conserva continua em recuperação e longe das telas.

Entre as poucas declarações públicas que fez nos últimos meses, em março ela reforçou que não tem previsão de volta à televisão.

Fonte: correiobraziliense

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