21 de Novembro de 2024

Hormônios do apetite: descubra mitos e verdades


crédito: jcomp/Freepik

De acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2023 há um crescimento exponencial da incidência de obesidade global. Somente entre os brasileiros, 41% da população adulta conviverá com a condição em 2035.

Se a condição cresce anualmente entre os adultos (2,8%), durante a infância a aceleração está ainda mais intensa. De acordo com a Federação Mundial de Obesidade, o crescimento anual, até 2035, da obesidade infantil no Brasil é de 4,4%, o que é classificado como nível de alerta muito alto, e muito acima da taxa de aumento da obesidade em crianças em nosso vizinho Argentina ou nos Estados Unidos da América (2,4%, em ambos os casos).

Atualmente 22,4% da população adulta brasileira apresenta obesidade. Nas crianças, já são 6,4 milhões com sobrepeso e 3,1 milhões de crianças com obesidade no país. Essa alta prevalência acarreta diversas outras complicações e doenças.

Tassiane Alvarenga, médica endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica que a fome é controlada por hormônios que controlam o apetite e o metabolismo que a curto ou longo prazo agem predominantemente numa região do hipotálamo conhecida como núcleo arqueado, o centro no qual reside o controle-mestre dos sistemas regulatórios. Para o núcleo arqueado convergem dois tipos de neurônios que exercem ações opostas: estimulação e inibição do apetite. “A vontade de comer que sentimos resulta de um equilíbrio ajustado entre esses circuitos antagônicos regulados por hormônios”.

De acordo com a endocrinologista Tassiane Alvarenga a fome é uma sensação fisiológica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades diárias de nutrientes. O ato de ingerir alimentos é causado por uma série de estímulos (ou sinais). Entre eles está à diminuição no organismo, da quantidade de nutrientes como glicose, aminoácidos, gordura ou mesmo a diminuição da temperatura interna. O que estimula a produção de um hormônio no estômago chamado grelina que chega até o cérebro e ativa toda uma cascata endocrinológica que motiva o apetite.

“Tudo começa com aquela sensação de estômago vazio, a queda da glicose no sangue e a queda da temperatura corporal, estímulos para a produção de grelina. Este é o único hormônio periférico com função de aumento do apetite. É muito importante para o controle do apetite - produzido no estômago e intestino delgado, com um pouco dele sendo liberado no pâncreas e no cérebro. É chamado de "hormônio da fome" devido ao seu papel no controle do apetite (uma das suas funções)”, dia a médica.

O GLP-1 é produzido pelas células L do íleo e cólon diante da chegada de alimentos nessa porção do intestino. O GLP-1 exerce diversas funções como: redução do esvaziamento gástrico e ativação das áreas do cérebro relacionadas à saciedade, além de diminuir o paladar para alimentos de alta densidade calórica. “A meia-vida do GLP-1 endógeno é de apenas 5 min. Existem no mercado atualmente os análogos de GLP-1 que tentam imitar a ação deste hormônio promovendo saciedade, reduzindo gula, e reduzindo o apetite por coisas gostosas”, conta Tassiane Alvarenga.

O Peptídio YY (PYY) é produzido pelas células L intestinais, presentes principalmente no cólon e reto, a partir da chegada de alimentos gordurosos nessa porção do intestino. De forma semelhante ao GLP-1, o PYY inibe vias da fome e estimula vias da saciedade.

Por fim, Colecistocinina (CCK) hormônio produzido também pelas células L do trato gastrintestinal que diante da chegada de gordura e proteína nessa porção do intestino estimula a secreção de enzimas digestivas pancreáticas e a secreção biliar, inibindo o esvaziamento gástrico e o apetite diretamente.

Pacientes obesos tem muita Leptina, que é um hormônio da saciedade, mas ela não funciona: Verdade

A leptina é um dos hormônios diretamente ligados à gordura corporal e à obesidade. É liberado pelas células de gordura e envia sinais para o hipotálamo, ajudando a regular e alterar a ingestão de alimentos em longo prazo e o gasto de energia. Se o indivíduo engorda, os níveis de leptina aumentarão.

O que a leptina faz?

A leptina pode ser chamada de hormônio da saciedade, pois ajuda a inibir a fome e a regular o equilíbrio energético, de modo que o corpo não desencadeia respostas de apetite quando não precisa de energia. No entanto, quando os níveis do hormônio caem (acontece quando um indivíduo perde peso), os níveis mais baixos podem desencadear enormes aumentos de apetite e compulsão. Isso, por sua vez, pode tornar a perda e manutenção de peso mais difícil.

“Quando o corpo está funcionando corretamente, as células com excesso de gordura produzirão leptina, o que estimulará o hipotálamo a diminuir o apetite. Infelizmente, quando alguém é obeso, apesar de ter muita leptina no sangue, pela inflamação da obesidade, esta leptina não consegue agir direito, uma condição conhecida como resistência à leptina: ou seja, a via da saciedade não funciona.” Explica Dra. Tassiane Alvarenga.

Todos têm outro tipo de apetite conhecido como apetite hedônico que está relacionado ao prazer de comer - ativa o sistema de recompensa cerebral (fome hedônica) relacionado ao prazer e faz o individuo comer sem fome.

Neurocientistas concluíram que a sensação de felicidade tem origem no cérebro mais especificamente nos centros do prazer. Uma complexa rede de neurônios que é ativada ao praticar atividades que trazem felicidade.

Fonte: correiobraziliense

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