Uma descoberta feita por uma dupla de pesquisadores da Universidade Estadual da Virginia, nos Estados Unidos, pode revolucionar o tratamento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) em mulheres. A equipe encontrou, apenas no cérebro feminino, uma “versão” de uma proteína que comanda um mecanismo regulatório do TEPT.
Em um comunicado feito pela Universidade, os pesquisadores contam que a proteína, chamada de ubiquitina, está nos corpos masculinos e femininos e é conhecida por uma função totalmente diferente: ela é uma espécie de marcador de outras proteínas que devem ser destruídas pelo corpo. A descoberta da atuação dela em mulheres é um marco histórico.
“É muito surpreendente que ela esteja desempenhando essa função no contexto do TEPT em mulheres”, comenta Tim Jarome, professor da Faculdade de Agricultura e Ciências Biológicas da Virginia Tech, no comunicado sobre a descoberta. Tim realizou a pesquisa junto à pós-doutora Kayla Farrel. O estudo foi publicado, nesta semana, na revista Molecular Psychiatry, integrante do Nature Portfolio of Journals.
Para estudar a proteína, os pesquisadores a transformaram em um formato chamado K-63, que permite a manipulação do material. A análise mostrou que a ubiquitina K-63 estava envolvida na formação de memórias de medo no cérebro feminino — e apenas nele.
“Muitas vezes, são encontradas moléculas no cérebro que estão envolvidas na formação dessas memórias baseadas no medo em ambos os sexos, e esta é a primeira vez que encontramos uma que está seletivamente envolvida em um sexo”, explica Jarome.
Para a descoberta, os pesquisadores, após transformar a ubiquitina na versão K-63, injetaram a molécula em ratos machos e fêmeas e colocaram os animais em situações de medo. “Apenas as mulheres tiveram níveis aumentados de direcionamento da ubiquitina K63 após condicionamento de medo”, detalha o estudo.
A dupla afirma que a descoberta evidencia outro fator científico do TEPT: mulheres são mais propensas a desenvolver o transtorno de estresse pós-traumático. Com a confirmação, a proteína pode auxiliar na criação de um tratamento específico para pessoas do sexo feminino.
“No momento, as opções de tratamento não são muito eficazes e a taxa de sucesso não é muito boa”, disse Jarome. “O TEPT não é criado da mesma forma entre os pacientes, e sabemos que as mulheres são mais propensas a tê-lo. As abordagens terapêuticas que adotamos para tratá-lo podem diferir entre homens e mulheres. Este pode ser um mecanismo no qual poderíamos direcionar especificamente o tratamento em mulheres como uma forma de tratar o TEPT”, sugere Jarome.
Fonte: correiobraziliense
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