Um estudo publicado pela revista Neurology da Academia americana de neurologia (AAN) no início do mês de maio e liderado pela pesquisadora Lize Xiong em Xangai, na China, mostrou que o número de mortes em todo o mundo por AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico aumentou de 2 milhões em 1990 para mais de 3 milhões no ano de 2019. Você pode ler o estudo na íntegra neste link.
O AVC isquêmico ocorre quando há obstrução de uma artéria — impedindo a passagem de oxigênio para células cerebrais — que acabam morrendo. O neurocirurgião e especialista em doenças cerebrovasculares Victor Hugo Espíndola detalhou as dimensões da doença ao Correio.
“O AVC isquêmico, responsável por mais de 85% dos casos (de AVCs), acontece quando a gente tem uma obstrução de uma determinada artéria cerebral e aquela região do cérebro que seria irrigado por aquela artéria fica sem sangue, então aquele tecido cerebral isquemia, vai morrer, provocando assim um AVC isquêmico”, diz.
Os pesquisadores descobriram que existem sete principais fatores de risco para a doença: o tabagismo, dieta rica em sódio, pressão alta, colesterol alto, disfunção renal, alto nível de açúcar no sangue e alto IMC.
Assim, foi possível fazer um levantamento do banco de dados que prever o número de mortes entre 2020 e 2030. Assim descobriram que o AVC isquêmico deve aumentar para cerca de 4,9 milhões mortes até 2030. Os pesquisadores apontaram também que, caso os fatores de risco não fossem controlados, o número de diagnóstico chegaria a 6,4 milhões de casos.
“A doença é a principal causa de morte no Brasil e uma das principais no mundo. O estudo mostra que vivemos uma epidemia de AVC e que é preciso tomar os devidos cuidados de prevenção, pois essa estatística, infelizmente, pode piorar. Além de mostrar que a maioria dos casos da doença podem ser evitados, controlando os fatores de risco, que envolve ter uma vida saudável, como parar de fumar, controlar diabetes, controlar a pressão, fazer atividade física e outros (fatores) que envolvem mudança de vida”, explica Espíndola.
O estudo ainda aborda a importância e a necessidade de falar e abordar dados da doenças, pois muitos países não conseguem garantir informações suficientes e confiáveis sobre AVC.
Apesar do AVC ser uma doença que acomete mais idosos e pessoas de faixa etária mais avançada, vale lembrar que fatores de risco (como hipertensão, diabetes, e doenças cardiovasculares) podem ocorrer em qualquer idade. “Apesar do caso raro, é possível observar que recentemente um aumento progressivo está incidência de AVC em jovens seja por maus hábitos de vida, obesidade, hipertensão, diabetes, estresse, ansiedade, sedentarismo, consumo de cigarros e até mesmo o cigarros eletrônicos”, detalha Espíndola.
O AVC tem tratamento, mas também está relacionado ao tempo, então é preciso estar atento para qualquer suspeita de que o paciente está tendo um AVC. Assim, o ideal é procurar um hospital o mais rápido possível. O tratamento pode ser dividido em dois tipos, a trombólise e a trombectomia mecânica.
"A primeira medicação é uma que fazemos na veia que chama trombólise, injetamos essa medicação na tentativa de dissolver o coágulo que está obstruindo a artéria. Ela pode ser feita em até quatro horas e meia de sintomas, então por isso que é muito importante o paciente ir o mais rápido possível no hospital, pois ele chegando depois desse horário, ele já vai perder um desses tratamentos que está disponível", diz.
“O outro tratamento, a trombectomia mecânica é um cateterismo, ele vai por dentro das artérias para tentar abrir uma artéria grande que está obstruída, seja utilizando estende ou então cateter de aspiração que vão aspirar o coágulo abrindo então a artéria e restabelecendo o fluxo sanguíneo cerebral. Esse tratamento pode ser feito em até 24 horas em alguns pacientes, mas ele é ideal para ser feito nas primeiras seis ou oito horas de sintomas. Quanto mais precoce fizer, melhores são os resultados com maior chance do paciente sair até mesmo sem sequelas”, diz.
Ele ainda ressalta sobre a reabilitação que pode ajudar com a melhora do paciente. "O processo de reabilitação vai depender basicamente do tipo de sequela que o paciente ficou, temos a área da fala, área motora, área de sensibilidade, área visual e isso vai depender qual a área que o AVC acometeu. É basicamente o que temos de reabilitação é a fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia junto com a psicoterapia e vai depender muito do tipo de sequela", explica.
Mais de cem mil brasileiros morrem todos os anos vítimas de AVCs. Em 2011, foram 50.877 homens e 49.863 mulheres que perderam a vida.
*Estagiária sob supervisão de Ronayre Nunes
Fonte: correiobraziliense
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