Apesar de afirmar que não iria criticar os juros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não economizou ataques ao atual patamar da taxa básica da economia (Selic), de 13,75% ao ano, que, para ele é uma "excrescência".
“Neste país que o mercado financeiro tomou conta no lugar da indústria, o presidente (da República) não pode criticar o presidente do Banco Central. Mas é uma excrescência a taxa de juros hoje ser 13,75%. O país não merece isso”, afirmou Lula, nesta quinta-feira (25/5), durante cerimônia de encerramento de evento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em comemoração do Dia da Indústria.
O chefe do Executivo destacou que, nos mandatos anteriores, quando ele indicava o presidente do Banco Central, a Fiesp virava manchete dos jornais criticando a política de juros. “Eu não indiquei (o presidente do Banco Central) e já fiz critica”, acrescentou.
Lula defendeu que é preciso que os juros caiam para que o empresário volte a investir e, assim, fazer o dinheiro circular no mercado, porque uma empresa que pega 18% de juros ao ano “está comprando um atestado de óbito”. “Tratem de ficarem atentos”, disse.
Além de Lula e Pacheco, participaram da cerimônia de encerramento de evento em comemoração do Dia da Indústria, realizado pela Fiesp, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin e o presidente da Fiesp, Josué Gomes, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
Diante de tantas críticas de Lula aos juros, o mercado financeiro já está prevendo mudanças na meta de inflação na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), em junho. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, alertou sobre os riscos dessa mudança na atual conjuntura, mas admitiu que um desfecho dessa questão ocorrerá em breve.
Em relação ao acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia, o presidente reconheceu que o consenso poderá demorar, pois disse que não pretende abrir as compras governamentais para os europeus, porque quer proteger as pequenas e médias empresas nacionais.
“A gente não vai abrir mão. O acordo vai demorar, mas, da mesma forma que a França defende de forma muito fervorosa a sua indústria, vamos defender a pequena indústria nessa negociação”, disse.
Na avaliação de Lula, há muita coisa a ser feita e ele garantiu que não assumiu o terceiro mandado para fazer menos do que fez nos anteriores. “Não vamos errar. Vamos fazer tudo o que precisa ser feito”, disse ele, acrescentando que sua prioridade é reduzir a pobreza. O chefe do Executivo voltou a afirmar que gastos com educação para melhorar a qualificação dos trabalhadores e no combate à desigualdade social são investimentos e não despesas.
“O povo pobre é, na verdade, um grande ativo deste país. Se estiver comendo, se vestindo e estudando, ele vai virar a pequena classe média ou a classe média baixa que vai virar o grande consumidor deste país”, afirmou ele, pedindo compreensão para com o governo que está no início. “Ajude-nos a ajudar vocês. Se vocês crescerem, o país cresce e nós venceremos”, completou.
Fonte: correiobraziliense
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