O câncer de mama é o mais prevalente no mundo e no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. E também a principal causa de morte de mulheres no país. O desafio para o tratamento passa pela necessidade de conscientização a respeito do diagnóstico precoce e do acesso a tratamentos mais avançados disponíveis para cada subtipo da doença.
As mais recentes descobertas a respeito da doença foram apresentadas este ano no congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia (Asco, na sigla em inglês), em Chicago, que começou na última sexta-feira (2/6) e segue até terça (6). Em entrevista ao Correio, o médico oncologista Cristiano Resende, do Grupo Oncoclínicas, fez um panorama da doença e do acesso ao tratamento no país e resumiu os principais avanços apresentados no evento deste ano. Confira os principais trechos a seguir.
Qual a principal forma de diagnóstico do câncer de mama?
Ele tem como principal maneira de diagnóstico o diagnóstico físico, por meio do exame clínico, e pelo exame radiológico, a mamografia. A mamografia é recomendada a partir dos 40 anos de idade, para todas as mulheres, ou antes, se elas tiverem fatores de risco maiores ou sintomas. Qualquer mulher que perceba alguma alteração na mama, independentemente da idade ou de ter feito exame no ano, precisa voltar ao médico e prosseguir a investigação desse achado.
Qual é o grande desafio no tratamento hoje no Brasil?
É em relação ao acesso à mamografia. Ele é um exame que comprovadamente diagnostica precocemente o câncer de mama. Com isso, aumenta as taxas de cura quando é realizado de forma adequada. O problema é que o acesso não é igual no Brasil. Em relação a mamografia, um outro desafio é a questão da realização de forma adequada e regular. Tem a ver com educação e conscientização. Muitas pessoas acham que a mamografia não é necessária, há muitas fake news falando que a mamografia é prejudicial para a saúde da mulher, por conta de radiação. Isso é comprovadamente falso. Sabemos que é seguro e, além disso, diminui o risco do câncer de mama nessas mulheres.
Como funciona o tratamento do câncer de mama?
O tratamento do câncer de mama pode ser feito de diversas formas. Os principais são os tratamentos locais, que envolvem cirurgia e radioterapia; e os tratamentos medicamentosos sistêmicos, que são a quimioterapia, endocrinoterapia, monoterapia e uma série de outras estratégias disponíveis. O tipo de tratamento vai depender também de qual estágio em que a doença se encontra, se é uma doença mais inicial ou se é uma doença avançada e qual o perfil daquela doença. Quando a gente fala de câncer de mama é um nome que inclui vários tipos de doença. O médico vai avaliar se a paciente precisará passar por todos esses pilares (de tratamento) e qual a sequência desse tratamento, porque, em alguns casos, a ordem do tratamento pode afetar a probabilidade de cura.
Como melhorar a qualidade de vida da mulher com câncer de mama?
Existem também alguns pilares, diretamente relacionados à educação e informação, tanto da paciente, para que ela saiba quais são os principais efeitos colaterais de cada tratamento e conheça os tipos — há tratamentos não só medicamentosos, como o tratamento cirúrgico radioterápico. A paciente precisa ficar atenta aos efeitos colaterais para que sinalize assim que esses efeitos comecem a interferir na qualidade de vida para encontrar a melhor forma de manejar. A educação continuada não é só do paciente, mas também da equipe médica é importante. Deve ser uma equipe multidisciplinar, com enfermeiro, farmacêutico, nutricionista, psicólogo: todos aqueles profissionais que direta ou indiretamente lidam com a paciente oncológica.