24 de Novembro de 2024

Volta do home office exige adaptação


crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ônibus lotado, filas de espera, trânsito congestionado e a correria para não se atrasar. Para quem trabalha fora de casa, esse roteiro pode parecer comum e, na maioria dos casos, gera estresse. Nesse cenário, milhões de brasileiros que deixaram o trabalho remoto para retornar ao serviço presencial, se depararam com uma perda na qualidade de vida, em função, principalmente, do deslocamento para o local do emprego.

Uma pesquisa realizada pelo Infojobs, em parceria com o Grupo TopRH, revelou que 64,4% das pessoas que trabalhavam no modelo home-office e tiveram que voltar ao regime presencial, sentem que a qualidade de vida piorou. O estudo ainda mostra que 58,3% se sentem menos produtivos ao fim de um dia de trabalho presencial, enquanto apenas 21,3% se sentem mais produtivos.

De acordo com a maioria dos participantes da pesquisa (73,9%), isso ocorre devido à falta de iniciativa das empresas para adotar soluções que melhorem a gestão e o engajamento dos funcionários na volta ao modelo presencial. Entre aqueles que afirmaram que houve algum tipo de ação nesse sentido, as principais foram: horários flexíveis (23,1%), ações pensando em bem-estar e saúde mental (21,8%) e restauração do escritório (18,4%).

A partir dos resultados coletados, os pesquisadores concluíram que há poucas iniciativas dentro das empresas para aperfeiçoar o trabalho presencial e minimizar as perdas de qualidade de vida. "Foram criadas pouquíssimas iniciativas, mas o foco é, e sempre deve ser, proporcionar maior equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional, além de criar ações de engajamento, como treinamentos para o desenvolvimento e interação dos colaboradores", comenta Ana Paula Prado, CEO do Infojobs.

A rotina mais flexível é uma escolha que pode pesar muito na balança para quem está em dúvida sobre trabalhar de maneira remota ou presencial. Apesar de gostar do contato e do convívio com outras pessoas que um ambiente de trabalho comum oferece, o engenheiro de software Calebe Reis, de 27 anos, decidiu, em 2018, trabalhar na própria casa. No começo, ele alternava entre o serviço presencial e o doméstico, em modelo híbrido, mas, quando chegou a pandemia de covid-19, com o isolamento social, optou por permanecer inteiramente no home-office.

Outro motivo para o engenheiro decidir permanecer em casa foi o nascimento da primeira filha, que agora tem um ano e dois meses de idade. "O fato de poder estar com minha filha agora é impagável. Poder vê-la crescer de perto, estar com ela, poder acompanhar seu crescimento, acho que isso, para mim, é o maior ganho", disse.

A maioria das empresas, porém, avalia que o trabalho presencial proporciona maior integração e coordenação entre equipes, por isso, tem limitado as opções de home office. E a perda de contato com os colegas, porém, pode ser um dos ônus de quem opta pelo trabalho remoto. Filipe Reis, 26, que trabalha atualmente em um banco de pagamentos online, no início, sentiu muita falta do ambiente de trabalho. "Durante os primeiros meses de trabalho remoto eu, particularmente, senti muita falta desse contato e aproximação, que somente o trabalho presencial proporciona. Não foi fácil me afastar de grandes amigos que tinha no trabalho", revela.

No entanto, ele acredita que o afastamento foi um mal que, depois, veio para o bem. Com o trabalho remoto, Filipe conseguiu ampliar o leque de oportunidades em empresas de diversos lugares do Brasil e do mundo. "Atualmente, não me vejo voltando a trabalhar no modelo 100% presencial. Me adaptei bem ao remoto e tenho visto uma grande evolução na minha carreira com esse formato. Claro que não posso dizer que nada é para sempre, mas, no momento, o remoto é o ideal para mim", afirmou.

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

Fonte: correiobraziliense

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