Lisboa — O governo de Portugal determinou às forças de segurança que aumentem o número de agentes que protegem a Embaixada do Brasil em Lisboa e acionem os serviços de inteligência para identificar os autores de ameaças terroristas, nazistas, xenofóbicas, racistas e homofóbicas a cidadãos estrangeiros, em especial os brasileiros, que residem no país. As decisões das autoridades lusas foram tomadas depois de um comunicado feito, em 14 de junho, pelo embaixador Raimundo Carreiro ao ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinhos.
Segundo documentos obtidos pelo Correio, a embaixada recebeu um e-mail com uma série de ameaças, inclusive com ataques em áreas públicas, contra brasileiros. A mensagem diz que “Portugal é uma terra de brancos e para brancos”.
Acrescenta, ainda, não há lugar, no país europeu, para “seres sub-humanos como indianos, nepaleses, marroquinos, muçulmanos, judeus, ciganos, negros, os malditos brasileiros e os LGBTQIAP+”. O autor da mensagem prometeu “purificar” o país e ameaçou “com uma série de atentados terroristas” se, dentro de 60 dias, o governo português não “expulsar todos os homossexuais, estrangeiros e não brancos”. A ameaça é de um “massacre numa zona frequentada por negros e zucas (como os portugueses se referem aos brasileiros)”.
Em resposta ao embaixador brasileiro, o sub-diretor-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Queirós, disse que “todas as autoridades nacionais competentes foram devidamente alertadas para o conteúdo da mensagem, de modo a serem tomadas as medidas adequadas”.
Isso implica dizer maior segurança em regiões onde se concentram mais estrangeiros, em especial, brasileiros, que forma a maior comunidade de imigrantes em Portugal. Dados oficiais apontam que já são quase 350 mil os brasileiros vivendo legalmente em território luso. O Itamaraty calcula 400 mil cidadãos.
A preocupação de Carreiro com as mensagens nazistas e xenofóbicas aumentou diante dos frequentes ataques sofridos por brasileiros em Portugal. Recentemente, um casal, Luís Almeida e Jefferson Tenório, foram violentamente espancados em uma boate em Lisboa. Jefferson teve o rosto desfigurado pelos seguranças do Titanic, que ainda tentaram o afogar no Rio Tejo, que passa atrás do estabelecimento.
Em Braga, o pernambucano Saulo Jucá foi agredido por um homem, que dizia não se conformar com a presença de brasileiros no “país dele”. Em julho do ano passado, o brasileiro Jefferson Terra Pinto foi espancado até a morte na saída de uma boate no Parque das Nações, uma das áreas mais nobres de Lisboa.
As maiores vítimas de xenofobia, no entanto, são as mulheres brasileiras. Durante a recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Portugal, um grupo de ativistas se reuniu com a primeira-dama, Janja da Silva, e com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, para fazer um relato das condições à que elas são submetidas. Em documento entregue por elas, há acusações, inclusive, de xenofobia, racismo e misoginia por parte de agentes de segurança de Portugal.
A discriminação também está presente no sistema Judicial, que, frequentemente, têm retirado a guarda de filhos de mães brasileiras, mesmo nos casos em que elas denunciam ter sido vítimas de violência doméstica.
Fonte: correiobraziliense
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