Imagine que hoje, depois do café da manhã, você se lembrou de que precisa reembolsar um amigo que, em uma viagem ao interior de Minas Gerais, comprou sua encomenda de doce de leite Viçosa. Em vez de se preocupar se ele vai achar que tomou um calote, você entra no aplicativo do seu banco, transfere o dinheiro por meio de um Pix, e não pensa mais no assunto. Algumas horas depois, decide aproveitar uma promoção de aparelhos de celular anunciada em um site de notícias e, além da compra do telefone, resolve adquirir também um seguro contra roubo e furto. Sem se dar conta, você lançou mão de finanças integradas.
Mesmo que você não pare para refletir sobre isso, a combinação de tecnologia e finanças faz parte do seu dia a dia, e isso só tende a crescer. A inovação financeira é o principal assunto da Febraban Tech 2023, evento que está reunido instituições financeiras e startups, além de autoridades em tecnologia, em São Paulo, de terça- feira (27) até quinta-feira (29/6). A Cateno, fintech do Banco do Brasil e da Cielo, desenvolve soluções digitais de pagamentos, e está com sua equipe de especialistas presente a essa 33ª. edição do evento.
Nos próximos anos, conceitos como tokenização e blockchain poderão contribuir para a redução de alguns custos, por exemplo, quando da decisão de se comprar um apartamento ou um carro. Para regulamentar essas questões, que ainda podem soar estranhas ao cotidiano da maioria das pessoas, o Banco Central e uma série de agentes públicos e privados do mercado financeiro estão discutindo como achar um equilíbrio entre avanços tecnológicos e regulamentação que possa facilitar a vida dos cidadãos comuns.
Ainda está complicado? Então vamos por partes. Quando você compra um apartamento e contrata um financiamento, além dos gastos com a aquisição do imóvel, precisa arcar com custos de documentação. Se o processo for simplificado por meio de blockchain (registro digital de transações entre pessoas), sua despesa total com a compra poderá diminuir mesmo que o valor do imóvel se mantenha, contou Marcelo Brogliato, fundador e CEO da Hathor Labs.
Isso será possível porque as operações tendem a ser mais simples e, consequentemente, ter potencial de custos menores, por exemplo, com etapas burocráticas. Quem sabe até quem conceder o crédito habitacional considere possível baixar as taxas cobradas (pelo menos um pouquinho!).
Em debate em um dos palcos da Febraban Tech,nesta terça-feira (27), profissionais que estão à frente das discussões sobre economia tokenizada ressaltaram a importância de se estabelecer parcerias para avanços tecnológicos que permitam o Brasil se desenvolver no novo cenário. Atualmente, o Pix – solução de pagamento digital criada no país –tem se tornado o meio de pagamento mais popular entre os brasileiros e é visto como referência em muitas partes do mundo. Na avaliação de Juliana Felippe, profissional à frente da Paxos no país, o maior desafio para o Brasil se tornar um dos líderes mundiais da economia tokenizada é a criação de um modelo regulatório que, ao mesmo tempo, ofereça segurança a todas as partes, mas não engesse a inovação.
A adaptação dos sistemas regulatórios é necessária, por exemplo, para o funcionamento do Real Digital –Moeda Digital do Banco Central ou CBDC.O Banco Central já divulgou que o Real Digital vai possibilitar a transição para a chamada economia tokenizada, sem que haja prejuízo para a estabilidade financeira. Aqui, vale parar para explicar que token digital é a representação digital de um ativo, como
dinheiro, imóvel, carro ou obra de arte.
Voltando ao Real Digital, a intenção é que ele seja integrado a uma rede block chain para usos e aplicações que já existem no mercado de criptomoedas, como bitcoin e ethereum. Compras de imóveis e automóveis com o Real Digital, pela transformação dessas propriedades em tokens, estão em fase de testes.
“Nos primórdios, havia uma visão deque o blockchain teria de quebrar toda a cadeia de valor estruturada. Hoje, os ‘players’ da cadeia estão entrando com toda infraestrutura para dar a credibilidade necessária”, disse Fernando Freitas, superintendente da Inovabra. Segundo o executivo, o Bradesco Financeira está avaliando se terá ou não um parceiro em tokenização e tem estudos também relacionados a wallet (carteira digital que possibilita gerenciamento de contas e senhas).
O Santander testou, segundo seu head de produtos em digital assets, Evandro Camilo, duas blockchains, com o objetivo de provar que é possível simplificar a tecnologia e conectar vários participantes da mesma transação. Camilo defende que os cartórios são necessários para dar segurança jurídica às operações. “O problema são fluxos desnecessários. Podemos ter três entidades, mas elas serem eficientes”, disse o representante do Santander.
Fonte: correiobraziliense
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