22 de Novembro de 2024

Banco Central admite que pode reduzir juros em agosto


crédito: Ed Alves/CB/DA.Press

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, sinalizou na ata da sua última reunião, divulgada nesta terça-feira (27/6) , que está inclinado a iniciar um ciclo de cortes na taxa básica de juros (Selic), mantida desde o segundo semestre do ano passado em 13,75% ao ano. A avaliação predominante entre os membros do colegiado, responsável por fixar os juros básicos da economia, é de que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas, pode possibilitar uma queda dos juros no próximo encontro do colegiado, marcado para o início de agosto.

"A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão [mudança da curva de juros] na próxima reunião", informou o Banco Central.

De acordo com o documento, uma parte do colegiado se mostrou mais cautelosa. Para esses membros do Copom, a dinâmica desinflacionária ainda reflete a desaceleração dos preços de componentes mais voláteis e há dúvida sobre o impacto do aperto monetário em curso até o momento. "Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas de longo prazo e acumular mais evidências de desinflação em componentes mais sensíveis a impactos sazonais", destaca o texto.

A autoridade monetária informou, ainda, que os membros do comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária. "Em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos", diz um trecho da ata.

Ainda nesta terça-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, registrou alta de apenas 0,04% neste mês, o que baixou a taxa acumulada em 12 meses para 3,40%, mais próxima da meta do governo para este ano, que é de 3,25%.

O comunicado divulgado no dia da decisão sobre os juros, na quarta-feira da semana passada, havia jogado um balde de água fria no mercado. Além de manter, por unanimidade, a Selic em 13,75% ao ano, o Copom pediu "paciência e serenidade" com a condução da política monetária, destacando que as expectativas de inflação continuavam desancoradas, o que levou a crer que a queda dos juros poderia demorar mais que o esperado, apenas a partir de setembro.

Já a ata, segundo analistas, apesar das ressalvas, trouxe um tom bem mais otimista que o comunicado, que, por sinal, não havia exposto a diferença de opiniões no Copom. Isso alimentou avaliações de que o BC teria cedido às pressões do governo e de setores do empresariado pelo corte imediato dos juros. Para Alexsandro Nishhimura, sócio da corretora Nomos, "o BC parece seguir um roteiro de 'morde e assopra', com a sequência de comunicado duro e ata mais amigável, corrigindo (des)entendimentos".

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, criticou a dissonância entre os dois documentos. "O Banco Central criou uma situação de estresse desnecessária no comunicado e, depois, vem com uma ata mais branda. Não deixa de ser uma crítica construtiva nossa. Que isso seja revisto pelo Banco Central", afirmou.

Segundo a ministra, a ata foi mais "realista" com o cenário econômico do país. "A ata reconhece que o Brasil está no caminho certo, que a equipe econômica está acertada. Mostra que estamos plantando segurança jurídica, previsibilidade", avaliou Tebet, que disse ter a impressão que "o comunicado é feito por um órgão, enquanto a ata é feita por outro". "Vem um comunicado hard e uma ata soft. Não dá para entender, por que estressar o Brasil, criar atritos desnecessários?", questionou.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a ata está em linha com as medidas do governo. "Penso que há um consenso em relação à trajetória próxima das taxas de juros. Ficou claro que estamos no caminho certo", disse o ministro. Mesmo com a resistência de parte do colegiado, o chefe da Fazenda afirmou que as variáveis macroeconômicas estão formando um cenário favorável.

"O fato é que há uma sinalização clara de uma boa parte da diretoria (do BC), de que os efeitos das taxas de juros elevadas produziram os resultados e de que o risco fiscal está afastado, isso é o mais importante", avaliou.

Haddad destacou que, com a "harmonização" de política monetária e fiscal, a redução dos juros pode acontecer em breve. "O Brasil está em uma trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a monetária, acredito que possa acontecer brevemente", disse.

Fonte: correiobraziliense

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