21 de Novembro de 2024

Ondas gravitacionais: entenda a descoberta divulgada nesta quinta


crédito: Aurore Simonnet for the NANOGrav Collaboration

Em uma descoberta que demorou cerca de 15 anos, astrônomos do observatório North American Nanohertz Observatory for Gravitational Waves (NANOGrav) anunciaram, nesta quinta-feira (29/6), que conseguiram identificar pela primeira vez "um zumbido" de ondas gravitacionais, que podem ter sido criadas pela colisão de buracos negros.

O anúncio da detecção da ondas gravitacionais no espaço foi feito em uma live realizada pela NANOGrav, em que os especialistas explicaram como ocorreu todo o processo de detecção e deram mais detalhes sobre as descobertas. As novidades também foram publicadas nesta quinta na revista científica The Astrophysical Journal Letters

A equipe do observatório criou uma espécie de "detector" da galáxia para rastrear as ondas gravitacionais. Com isso, foram realizadas várias análises de estrelas queimadas — também chamadas de pulsares de milissegundos — que giram centenas de vezes por segundo e emitem pulsos de rádio de tempos em tempos, quase como um tique-taque de relógio. 

Assim, os cientistas descobriram uma variação na "taxa de tique-taque" desses pulsos e a compararam com observações de mais de 60 pulsares em dados de radiotelescópios ao longo de 15 anos. Essa análise fornece evidências de que as variações são causadas por ondas gravitacionais de baixa frequência que distorcem o tecido da realidade física conhecido como espaço-tempo. 

Segundo os especialistas, a distorção espacial das ondas gravitacionais consegue criar uma aparência de que as "taxas de tique-taque" do sinal de rádio dos pulsares estão mudando. Contudo, esse é o alongamento e a compressão do espaço entre a Terra e os pulsares que fazem com que seus pulsos de rádio cheguem à Terra bilionésimos de segundos antes ou depois do esperado.

Esses resultados indicam a existência de uma onda gravitacional de "fundo", uma espécie de distrações do espaço-tempo que permeiam todo o Universo e há muito previsto pelos cientistas. O primeiro a cogitar sua existência foi Albert Einstein, em 1916, mas elas só foram confirmadas quase 100 anos depois, em 2015, quando observatório Laser Interferometer Gravitational-Wave (LIGO, na sigla em inglês) detectou ondulações no espaço-tempo passando pela Terra. 

Apesar de ainda não terem certeza do que são essas ondas gravitacionais, para especialistas há a possibilidade de que sejam uma colisão entre dois buracos negros gigantes. Contudo, também podem ser ondulações da inflação cósmica, transições de fase no início do universo, até mesmo redes de defeitos no espaço ou um mix de vários dos citados.

"Estas são de longe as ondas gravitacionais mais poderosas conhecidas", destacou a astrofísica Maura McLaughlin, da Universidade de West Virginia, codiretora do NANOgrav Physics Frontiers Center. 

Para os especialistas, os resultados podem ser importantes para entender como as galáxias evoluem e como os buracos negros supermassivos crescem e se colidem.

A ideia é que, agora, os pesquisadores possam rastrear pela galáxia pares específicos de buracos negros supermassivos, usando ondas gravitacionais como navegação.

"Embora nossos primeiros dados nos dissessem que estávamos ouvindo algo, agora sabemos que é a música do universo gravitacional", disse o codiretor do NANOGrav e astrofísico da Oregon State University, Xavier Siemens.

 

Fonte: correiobraziliense

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