Desde que nascemos, acumulamos credenciais de identidade. Para citar só algumas, há a certidão de nascimento, a carteira de identidade, o título de eleitor, a carteira de habilitação, o número da primeira conta bancária, o do cartão de crédito e, por aí, vai.
Mas será possível substituir essa “pilha de credenciais” por uma identidade biométrica? Segundo Luis Felipe Monteiro, CEO da fintech Cateno de meios de pagamento, já existe tecnologia segura e escalável para transformar a biometria no equivalente a um número.
A tendência no uso da identidade digital e seu emprego para reforçar transações seguras em um mundo cada vez mais digital foi tema do Febraban Trends, fórum de debates sobre tecnologias de ponta do Febraban Tech 2023, realizado em São Paulo, e que contou com a participação de Monteiro.
Reconhecido por seu trabalho na ampliação da plataforma Gov.br entre 2017 e 2021 – período no qual o número de usuários passou de 1,8 milhão para 111 milhões - Monteiro argumentou porque a biometria é uma tecnologia segura e que pode ser usada para ampliar as ferramentas de combate aos golpes digitais.
O risco de fraudes – que já existia no mundo físico – cresceu exponencialmente no universo digital devido à escala em que as operações podem ocorrer. Suponha que determinada pessoa consiga falsificar uma
carteira de identidade e, a partir daí, abra várias contas em bancos digitais, e passe a vendê-las a interessados em cometer golpes de estelionato.
Esse exemplo deixa claro que o potencial para essa irregularidade acontecer é muito maior do que, no modelo tradicional, quando era necessário ir, pessoalmente, à agência bancária para abrir uma conta.
No Brasil, o processo de registro biométrico das pessoas já começou, mas ainda faltam avanços, como a integração de informações públicas e privadas. “O sistema eleitoral brasileiro biometrizou, aproximadamente, 140 milhões de pessoas, por meio de impressões digitais e de registro da face”, conta Monteiro. No mercado financeiro, os bancos digitais começaram a autenticar documentos, digitalmente, e adotaram depois a validação biométrica facial.
Existe um potencial gigantesco de crescimento para o uso da biometria como identidade no país, mas é necessário, segundo o CEO da Cateno, que haja “agregação e não competição” ao longo desse processo.
“Se cada banco fizer um trabalho separado, todos vão gastar muito dinheiro e não vão escalar. Se cada ente do governo e cada estado também quiserem ter sua forma de identificação, não vai funcionar. Precisamos de algo que atenda ao Brasil inteiro.”
Em alguns países, o registro biométrico está bastante avançado e, na visão de Monteiro, o Brasil pode se inspirar em parte deles. A Estônia tem identidade digital única, utilizada por todos os habitantes. A Índia biometrizou dedos, face e íris de 1 bilhão de pessoas, durante dez anos, para garantir o pagamento de benefícios sociais às pessoas corretas. A Dinamarca possui a “identidade digital mais antiga de que se tem notícia, criada em 2001”.
Na China, ponderou o CEO da Cateno, “falta cuidado com a privacidade das pessoas”, situação que não pode se repetir, mas a biometria facial é usada para autenticar transações e pagamentos, com “um nível de fraude controlado”.
No momento em que o Brasil se prepara para ampliar o uso da biometria nos mais diversos tipos de operações, as experiências internacionais são referências que permitem ao país fazer as melhores opções.
Os brasileiros estão, cada vez mais, utilizando essa tecnologia em suas ações do dia a dia, e entre os principais usos está o reforço da segurança nas transações financeiras. Essa rápida adaptação das pessoas está sendo captada pelos bancos, que têm investido pesado para tornar a identidade digital acessível nos mais diferentes canais e tipos de soluções financeiras.
Pesquisa sobre tecnologia bancária feita pela Febraban com 18 grandes bancos e divulgada na quinta-feira (29/6) durante a Febraban Tech 2023 mostrou que entre 2021 e 2022, a biometria saltou de quase nada para 100% de adoção. As grandes instituições pesquisadas informaram que passaram a utilizar essa tecnologia de reconhecimento facial para ampliar o acesso aos produtos financeiro e reforçar medidas para evitar golpes financeiros digitais.
Neste ano, os investimentos dos grandes bancos em tecnologia atingirão R$ 45 bilhões, e parte disso está destinado a ampliar o uso da biometria facial.
Fonte: correiobraziliense
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