22 de Novembro de 2024

Banco Central reforça expectativa de redução dos juros


crédito: Lula Marques/Agencia Brasil

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou, nesta quinta-feira (29/6), que a maioria dos integrantes do Conselho de Política Monetária (Copom) decidiu "deixar a porta aberta" para um corte na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, na reunião de agosto.

Ao comentar o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo BC, Campos Neto disse que a autoridade monetária está "otimista". "As expectativas estão em um caminho positivo. Estamos otimistas. Já venho falando há uns meses que a inflação tem ido para baixo e o crescimento, para cima", disse.

O relatório trouxe números que corroboram com as condições dadas pelo Copom para a queda dos juros. A projeção da inflação para 2024, horizonte com o qual o BC trabalha atualmente, caiu de 3,6% para 3,4% — ficando mais perto da meta central, de 3%. Com isso, a chance de estouro do limite superior (4,50%) se reduziu, de 26% para 21%. Quanto mais perto a inflação fica da meta, mais chances há de redução dos juros.

O relatório também destacou que a chance de a inflação oficial superar o teto da meta este ano caiu de 83%, no relatório de março, para 61%, agora em junho. Entre os fatores que motivaram as revisões para baixo, o BC listou a desvalorização do dólar e a inflação menor do que a esperada.

Campos Neto, minimizou as pressões do governo para que o BC reduza imediatamente a Selic. "Pressão faz parte desse trabalho. Poucos presidentes do Banco Central passaram por aqui e não tiveram momentos de se sentirem pressionados", declarou. Ele disse ainda que a autoridade monetária também "quer baixar os juros", mas que não pode fazer nada que desestruture o processo econômico no futuro.

O BC também revisou a projeção para o crescimento da economia neste ano para cima. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) passou de 1,2% para 2% em 2023, em razão de "surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços".

Apesar da revisão, a autoridade monetária ponderou que a projeção é de desaceleração da atividade econômica. A forte alta da atividade no primeiro trimestre foi puxada pelo setor agropecuário, com a safra de soja, que foi recorde. "O setor deve recuar nos trimestres seguintes, contribuindo para a desaceleração do PIB", avaliou o relatório.

Campos Neto disse, ainda, que "não vê incoerência", entre os últimos documentos do Copom. Na semana passada, no comunicado em que explicou a decisão de manter a taxa básica de juros em 13,75%, o colegiado pediu "paciência e serenidade", dando a entender que a decisão de baixar a taxa ainda estaria distante. Na última terça-feira, a ata da reunião trouxe um cenário bem mais otimista, informando que a maioria dos membros do colegiado via chances de reduzir a Selic em agosto, se a inflação continuar em queda.

Ele explicou que o comunicado tem a função de "expressar opinião de consenso", enquanto a ata tem o objetivo de explicar as discussões. "Quando você tem uma situação de reunião dividida e você tem que escrever uma opinião de consenso curta, você não tem como escrever muita coisa", justificou. Reconheceu, porém, que a dissonância entre os informes geraram "bastante ruído".

Fonte: correiobraziliense

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