Acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Geralmente, quando um paciente sobrevive ao comprometimento neurológico, é preciso reabilitação para reaprender a andar, falar ou realizar tarefas diárias. Para ajudar esse processo, cientistas norte-americanos observaram que a robótica pode ser uma grande aliada e desenvolveram uma luva para ajudar músicos, que foram vítimas de AVC, a reaprenderem as habilidades com instrumentos — que exigem destreza e coordenação.
O objeto, que pesa 191 gramas, foi impressa em 3D com várias camadas. A área da palma e do pulso foi projetada para ser macia e flexível. O formato pode ser feito sob medida, para se adequar à anatomia de cada usuário. “Aqui mostramos que nossa luva de exoesqueleto inteligente, com seus sensores táteis integrados, atuadores suaves e inteligência artificial, pode efetivamente ajudar no reaprendizado de tarefas manuais após o neurotrauma”, disse o pesquisador Maohua Lin, da Florida Atlantic University.
Estruturas pneumáticas nas pontas dos dedos — que funcionam por meio da compressão do ar — geram movimento e força, imitando as características naturais das mãos. Cada ponta do dedo também conta com 16 sensores flexíveis, que dão sensações táteis ao interagir com objetos ou superfícies.
“Ao usar a luva, os usuários humanos têm controle sobre o movimento de cada dedo de forma significativa. A luva foi projetada para auxiliar e aprimorar os movimentos naturais das mãos, permitindo que eles controlem a flexão e a extensão dos dedos. A luva fornece orientação para as mãos, fornecendo suporte e amplificando a destreza", explica Erik Engeberg, em comunicado.
Além disso, os autores da pesquisa utilizaram inteligência artificial para "ensinar" a luva a identificar a diferença entre as versões corretas e erradas da música Mary had a little lamb, do Stevie Ray Vaughan, tocada no piano. Com esse treinamento, a luva pode ser programada para dar feedbacks ao usuário sobre o que deu certo no toque da canção, por meio de recursos táteis, visuais e sonoros.
Para o futuro, os pesquisadores projetam a possibilidade de aplicar essa ferramenta para outras atividades que exigem habilidades motoras. “Adaptar o projeto atual para outras tarefas de reabilitação além de tocar música, por exemplo, manipulação de objetos, exigiria personalização para necessidades individuais. Isso pode ser facilitado por meio da tecnologia de digitalização 3D ou tomografia computadorizada para garantir um ajuste e funcionalidade personalizados para cada usuário", pontua o professor Maohua Lin.
O estudo foi publicado no periódico Frontiers in Robotics and AI e pode ser acessado neste link.
Fonte: correiobraziliense
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