A poluição plástica é cada vez mais uma ameaça à vida marinha, e o cenário parece ser pior em alto-mar, indica um estudo divulgado na edição desta semana da revista Nature Communications. O trabalho mostra que 25% de todo o risco de exposição a essas substâncias está distante dos litorais, e que as aves marinhas são amplamente afetadas. Ainda segundo a pesquisa, que contou com a participação de mais de 200 cientistas, o Mediterrâneo é a região do planeta em que esses animais estão mais vulneráveis.
Os pesquisadores fizeram uma extensa avaliação dos movimentos de 7.137 aves de 77 espécies de petrel, um gênero que tem adaptações específicas para a vida no mar. A equipe analisou 1,7 milhão de posições dos animais, registradas por meio de dispositivos de rastreamento remoto, e associou os dados a mapas que forneciam informações sobre a concentração de plástico ao redor do mundo. Dessa forma, foram identificadas as áreas em que as aves estão mais expostas aos resíduos plásticos e quais espécies e populações são mais afetadas.
"Os dados permitem concluir que o risco não se distribui uniformemente, fruto da acumulação de plástico em zonas onde as correntes marítimas e as marés o favorecem", afirma, em nota, Maria Dias, líder do ensaio e cientista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Portugal. Segundo ela, as aves marinhas também se distribuem de maneira desigual e com grande variação ao longo do ano, sendo a maioria espécies migratórias capazes de sobrevoar milhares de quilômetros acima do mar. "Quando as duas regiões se sobrepõem, alta concentração de pássaros e plástico, o risco é muito maior", indica.
O artigo ressalta que os petréis e outras espécies de aves marinhas estão ameaçados de extinção por conta de mudanças climáticas, captura e pela presença de espécies invasoras, como camundongos e ratos, em seus locais de reprodução. Os pesquisadores acreditam que a exposição a plásticos pode reduzir a resistência desses animais a esses outros problemas.
Durante a pesquisa, os estudiosos também descobriram que, juntos, o mar Mediterrâneo e o Negro representam mais da metade do risco global de exposição aos plásticos para esses animais. Áreas como o nordeste do Pacífico e o Atlântico Sul também demandam atenção, indicam os autores.
Maria Dias, porém, lembra que se trata de uma questão que demanda respostas globais. "Mesmo espécies com baixo risco de exposição comem plástico. Isso mostra que os níveis de plástico no oceano são um problema para as aves marinhas em todo o mundo, mesmo fora dessas áreas de alta exposição", explica.
Fonte: correiobraziliense
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