22 de Novembro de 2024

Botos cor-de-rosa são ameaçados por pesca e barragens na Amazônia


crédito: Daniel Ferreira/CB/D.A Press

Estudo que rastreou golfinhos da espécie Inia geoffrensis, os famigerados botos-cor-de-rosa, constatou a ameaça de barragens, dragagem e pesca no habitat desses animais. Espécie vive nos rios da Amazônia. A pesquisa foi realizada pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, e da organização de conservação Pro Delphinus, do Peru. Ao todo, oito indivíduos dessa espécie foram monitorados por meio de um satélite pop-up, sendo sete machos e uma fêmea. O estudo foi publicado na revista Oryx nesta segunda-feira (3/7). 

De acordo com o estudo, em média, 89% da área em que esses mamíferos vivem é usada para pesca. Ademais, os golfinhos foram encontrados a cerca de 252 km de uma barragem e a 125 km de um local de dragagem. Embora, a distância seja considerável, os pesquisadores alertam que onde os golfinhos vivem abrange aproximadamente 50 km, e barragens e dragagens podem afetar grandes áreas de habitat fluvial.

A área de estudo no nordeste do Peru, mostrando a distribuição do golfinho do rio Amazonas Inia geoffrensis (da Silva et al.,Referências da Silva, Trujillo, Martin, Zerbini, Crespo, Aliaga-Rossel e Reeves2018 ), a Reserva Natural Pacaya Samiria e os dois locais onde foram implantados os marcadores de satélite (no rio Yanayacu–Pucate, próximo à confluência dos rios Marañón e Ucayali na Reserva Nacional Pacaya Samiria, e em Nucuray, um afluente do Rio Marañón, próximo à confluência dos rios Marañón e Huallaga
A área de estudo no nordeste do Peru, mostrando a distribuição do golfinho do rio Amazonas Inia geoffrensis (da Silva et al.,Referências da Silva, Trujillo, Martin, Zerbini, Crespo, Aliaga-Rossel e Reeves2018 ), a Reserva Natural Pacaya Samiria e os dois locais onde foram implantados os marcadores de satélite (no rio Yanayacu–Pucate, próximo à confluência dos rios Marañón e Ucayali na Reserva Nacional Pacaya Samiria, e em Nucuray, um afluente do Rio Marañón, próximo à confluência dos rios Marañón e Huallaga (foto: Reprodução/Cambridge)

Para Elizabeth Campbell, do Centro de Ecologia e Conservação do Campus Penryn de Exeter “Está claro que o boto do rio Amazonas está enfrentando ameaças crescentes de humanos”. Ela também afirma que “a pesca pode acabar com as populações de presas dos golfinhos, e os golfinhos também correm o risco de morte intencional e captura acidental." Segundo Campbell, apesar de ter dados reais sobre quantos botos são capturados por ano, nos últimos 30 anos a captura acidental tem sido uma ameaça para esses mamíferos.

Consoante a pesquisa, a construção de barragens, sobretudo no Brasil, é uma ameaça à expansão, visto que 175 delas em operação ou em construção na Bacia Amazônica, e mais de 428 estão planejadas para as próximas três décadas. Aliás, o projeto para a Hidrovia Amazônica foi aprovado. Essas construções comprometem áreas de dragagem em quatro relevantes cursos de água da Bacia Amazônica. Elas também promovem a expansão de portos para facilitar a navegação de navios nos rios Amazonas, Ucayali e Marañón, prejudicando os animais aquáticos.

Contudo, os estudiosos afirmam que o governo peruano ainda pode proteger a biodiversidade. "O Peru tem a chance de preservar seus rios de fluxo livre, mantendo-os como um habitat seguro e saudável para botos e muitas outras espécies”, ressalta Elizabeth. “Dado que muitas dessas barragens e projetos de dragagem ainda estão em fase de planejamento, aconselhamos o governo a considerar os efeitos negativos que essas atividades já tiveram sobre as espécies fluviais em outros lugares”, acrescenta a pesquisadora.

Foto mostra a forma como as tags de satélite foram instaladas nos botos
Foto mostra a forma como as tags de satélite foram instaladas nos botos (foto: Reprodução/M. Pajuelo.)

A autora também orienta a expansão programas de rastreamento de golfinhos fluviais no intuito de abranger diferentes estações do ano e checar melhor a o número de fêmeas em locais de estudo. Campbell também enfatiza a relevância de aumentar o número rastreado de botos em outras áreas para aprofundar o conhecimento dos padrões de movimento desses indivíduos.

*Estagiária sob supervisão de Thays Martins


*Estagiária sob supervisão de...

Fonte: correiobraziliense

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