Dois físicos da Universidade de Leiden, localizada nos Países Baixos, desenvolveram um bloco de borracha que é capaz de contar até dez. Martin van Hecke e Lennard Kwakernaak estudam como materiais simples podem processar informações. Todas as barras do bloco, formado por pares, dobram para a esquerda, exceto a primeira que vai para a direita. Com isso, essa primeira viga empurra o próximo par. "Isso se move ao longo de uma posição cada vez que você empurra o material. É assim que o bloco conta até dez", explicam os pesquisadores.
Como o tamanho do bloco pode ser flexível, as possíveis aplicações do objeto passam por um pedômetro — que conta passos — até a contagem de carros, de diferentes pesos, que passam por uma ponte. "A grande vantagem é que esses metamateriais mecânicos são baratos, robustos e de baixa manutenção. Isso os torna interessantes para todos os tipos de aplicações. É difícil dizer exatamente quais serão, mas sempre encontramos um propósito para novos materiais como este. Por exemplo, pesquisas anteriores sobre um material que se dobra como origami inspiraram a dobragem de painéis solares em um satélite", explicou Kwakernaak, em comunicado.
Segundo o pesquisador, o protótipo funciona como uma espécie de fechadura. "Ao desenvolver um material desses, você tenta descobrir as regras do jogo. Ao longo do caminho, descobri que você pode causar diferentes reações na borracha empurrando com diferentes níveis de força. Experimentando isso, consegui fazer um metamaterial que só conta até o fim se você o empurrar na ordem certa, com a quantidade certa de força. Uma espécie de fechadura, em outras palavras", detalhou Kwakernaak.
O doutorando, que pretende aprimorar o protótipo e desenvolver estruturas mais complexas, afirma que gosta de encontrar complexidade nas coisas simples. "Não é fácil projetar a estrutura para que responda da maneira que queremos. Contar é o cálculo mais simples que pudemos fazer, então esse foi um ponto de partida lógico. Às vezes quase parece que sou um hobby profissional", disse o doutorando.
O estudo foi publicado no periódico Physical Review Letters e pode ser acessado na íntegra neste link.
Fonte: correiobraziliense
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