22 de Novembro de 2024

Injeção para colesterol: saiba como age o remédio injetado 2 vezes ao ano


crédito: Diana Polekhina na Unsplash

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 19 de junho, o remédio inclisiran pode ser a mais nova revolução entre os tratamentos do colesterol ruim (LDL), já que possui alta eficácia e basta ser usado duas vezes pro ano. O medicamento é destinado para pessoas que já sofreram riscos de infarto e de derrame (AVC) por ter o colesterol ruim descontrolado — de acordo com especialistas vítimas desses problemas cardíacos são mais suscetíveis a desenvolvê-los novamente.

Segundo a Associação Americana de AVC, um a cada quatro sobreviventes de derrame ou infarto relacionados à formação de coágulos enfrentará outra situação de emergência, o que gera um efeito bola de neve. Não à toa, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O inclisiran já é vendido nos Estados Unidos e na União Europeia e deve ser comercializado no Brasil em cerca de 90 dias. O preço ainda não foi definido, já que depende de uma avaliação da Anvisa, que segue realizando os trâmites de regulamentação.

Atuação

Injetável, o inclisiran age para controlar o colesterol ruim (LDL), um dos principais fatores de risco por trás de eventos cardíacos. Quando há excesso de LDL, esse colesterol não consegue ser totalmente absorvido pelo organismo. O resultado pode ser o entupimento das artérias (aterosclerose), levando a quadros de infarto e/ou AVC. 

O inclisiran age bloqueando temporariamente a produção de uma proteína chamada PCSK9, que é responsável por degradar os receptores que captam o LDL do sangue e o levam para dentro do fígado para ser eliminado. 

Então, ao bloquear a tal enzima, o corpo do paciente tem mais condições de se livrar do colesterol ruim, evitando que ele se acumule nas artérias - o que contribui para a ocorrência de um infarto ou AVC.

Indicação

O medicamento é indicado a adultos com hipercolesterolemia primária (de base genética ou comportamental) e dislipidemia mista (quando tanto os níveis de colesterol ruim como o de triglicérides estão elevados). Ela deve ser receitada por um médico, a partir da avaliação do quadro clínico do paciente.

Eficácia

Com duas aplicações ao ano do inclisiran é possível reduzir, em média, 52% dos níveis de LDL — apontam estudos que comprovaram a eficácia do medicamento. Os testes foram feitos em pacientes que já tomavam a dosagem máxima tolerada de estatina - o principal medicamento utilizado hoje com essa finalidade -, mas ainda não tinham alcançado a meta, de acordo com seu risco cardiovascular.

Quando o inclisiran chegará ao Brasil

A expectativa é que o medicamento seja vendido nas farmácias brasileiras por volta de três meses. O preço ainda não foi definido, já que depende de uma avaliação da Anvisa, que segue realizando os trâmites de regulamentação.

Esperança em pacientes brasileiros 

De acordo com Raul Santos e Andrei Sposito, cardiologista especialista em colesterol, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a inclisiran se mostra mais eficiente que as estatinas em baixar o colesterol: a aplicação do inclisiran ocorre via injeção, somente duas vezes por ano. As estatinas precisam ser tomadas todos os dias, via oral.

Dessa forma, a injeção reduz a possibilidade de o paciente abandonar o tratamento ao longo do tempo. Sem falar que ela gera menos risco de efeitos colaterais, já que a substância atinge diretamente o fígado, sem passar pelo estômago. Essa relação entre potência e baixo risco de efeitos colaterais no uso da inclisiran, segundo os acadêmicos, gera eficiência no tratamento de pacientes que já tiveram histórico de infarto e AVC.

Segundo Raul Santos, a inclisiran poderá ser utilizado adicionalmente às estatinas, potencializando o efeito de redução do colesterol, o que ajudaria principalmente aqueles pacientes que têm altíssimo nível de LDL no sangue.

*Com informações da Agência Estado

Fonte: correiobraziliense

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