22 de Novembro de 2024

Embaixador da Turquia sobre golpe: "Ninguém se atreva a atentar contra nós"


Em 15 de julho de 2016, uma tentativa de golpe perpetrada pela organização Fetö, fundada e comandada pelo clérigo e teólogo turco Fethullah Gülen, deixou 251 mortos e 2 mil feridos. Caças bombardearam o prédio do Parlamento, enquanto tanques foram usados para combater o próprio Exército. Sete anos depois, o embaixador da Turquia em Brasília, Halil Ibrahim Akça, disse esperar que "ninguém se atreva, nem tenha a coragem" de atentar contra a ordem institucional e democrática do país. De acordo com Akça, a Fetö atuava como um Estado paralelo, formado por uma grande rede de burocratas e altos funcionários turcos. Membros da organização se infiltraram no Exército e tentaram derrubar o presidente Recep Tayyip Erdogan, naquela noite. Fracassaram porque não contaram com a adesão do próprio Exército. 

"Eles bombardearam os prédios do governo, inclusive o Complexo Presidencial, a sede da Inteligência Nacional e a sede do Estado-Maior. "Até tentaram assassinar o primeiro presidente eleito diretamente. A organização terrorista atacou os civis que saíram às ras para proteger seu governo legítimo com armamento pesado, incluindo jatos de combate, helicópteros e tanques", disse Akça. Naquela noite, o próprio Erdogan convocou o povo, por meio de seu telefone celular, para sair e defender a democracia. "Gulen, um pregador religioso, e seus seguidores se disfarçaram como um movimento educacional benigno quando iniciaram uma campanha de criação de escolas na Turquia e, posteriormente, em todo o mundo. No auge de seu poder, eles controlavam mil escolas na Turquia e mais de 800 institutos educacionais privados em todo o mundo", afirmou. Para o embaixador, essa foi a primeira fase de uma campanha de infiltração, em que crianças e pais se transformaram em "soldados de inflexão do movimento de Gülen". 

(FILES) This file photo taken on July 18, 2016 shows Turkish clericopponent to the Erdogan regime Fethullah Gülen at his residence in Saylorsburg, Pennsylvania. US-based Turkish cleric Fethullah Gulen said he was "shockeddeeply saddened" by the assassination of Russia's ambassador to Turkey in the capital Ankara, in a statement late December 19, 2016. A Turkish policeman crying "Aleppo!""Allahu Akbar!" fatally shot Russian Ambassador Andrei Karlov while he was addressing visitors to a photo exhibition earlier in the day. / AFP / Thomas URBAIN / ALTERNATIVE CROP
Fethullah Gülen, líder da organização Fetö e acusado de arquitetar a tentativa de golpe (foto: THOMAS URBAIN)

O embaixador afirmou que o governo Erdogan pediu aos Estados Unidos a extradição de Fethullah Gülen, que hoje vive com seguidores no estado da Pensilvânia. A solicitação, no entanto, foi negada por Washington. "Isso criou uma tensão nas relações entre Turquia e EUA", admitiu. Além da tentativa de golpe, o diplomata falou sobre outros assuntos. Confira:

Turismo

De acordo com o embaixador Halil Ibrahim Akça, são esperados cerca de 100 mil turistas brasileiros na Turquia neste ano. Ele apontou que Istambul, Capadócia e locais de interesse do cristianismo — como a casa onde morou a Virgem Maria, em Izmir — são os pontos turísticos mais procurados pelos brasileiros. A Turkish Airlines mantém 11 voos diretos, semanalmente, de São Paulo a Istambul. 

Relação entre Turquia e Brasil

Akça admitiu que as relações entre a Turquia e o Brasil são "muito boas". "Não temos conflitos com o Brasil. Na maior parte dos assuntos internacionais, nossos países estão do mesmo lado. Eu citaria a guerra da Rússia, as mudanças climáticas, o conflito no Oriente Médio e a questão da África. Nossos posicionamentos e estratégias são muito similares", observou. O diplomata lembrou que a Turquia tem trabalhado em cooperação com o Brasil no apoio humanitário na Síria. 

Segundo o representante máximo do governo turco no Brasil, o comércio bilateral entre Turquia e Brasil movimenta, anualmente, cerca de US$ 6 bilhões. "Nós importamos do Brasil, principalmente, soja, algodão, aço e ferro, além de gado. Por sua vez, a Turquia exporta peças de automóveis e, por incrível que pareça, produtos agrícolas."

Guerra na Ucrânia

O embaixador Halil Ibrahim Akça declarou que existem várias tentativas para mediação de uma solução para a guerra entre Ucrânia e Rússia, incluindo iniciativas da China, de países da África, da própria Ucrânia, do Brasil e da Turquia. Ele acrescentou que a participação mais efetiva da Turquia nesse processo dependerá da evolução no próprio terreno, no front de batalha. "Nos primeiros dias de conflito, a Turquia tentou encontrar uma solução como mediadora, mas a situação mudou desde então", observou. 

Ele explicou que, depois da visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Turquia, a possibilidade do envolvimento mais direto de Erdogan como mediador ficou mais evidente. "Na recente cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Vlinius (capital da Lituânia), a Rússia acompanhou esse processo de perto. Existe uma expectativa grande para a retomada de negociações, mas tenho novas informações nesse sentido. O principal assunto sobre a mesa é a extensão do acordo sobre o escoamento de grãos da Ucrânia", afirmou. 

Adesão da Suécia à Otan

Durante a mesma cúpula, a Turquia concordou com a adesão da Suécia à aliança militar ocidental. De acordo com Akça, a resistência turca se devia por conta da questão do terrorismo. "O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e o Fetö atuavam na Suécia, e o governo de Estocolmo não fazia o bastante para combater esses grupos. A Suécia chegou a mudar a sua Constituição em relação ao terrorismo, mas nós dissemos a eles que isso não era suficiente. Na última cúpula da Otan, cobramos mais passos da Suécia".

Fonte: correiobraziliense

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