O Banco Central divulgou ontem o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) referente ao mês de maio. O indicador é considerado uma prévia de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados indicam um recuo de 2% na comparação com o mês anterior, com ajuste sazonal. Em abril, o indicador tinha mostrado alta de 0,56%.
O resultado foi o pior já registrado para o mês em cinco anos, perdendo apenas para o índice registrado em 2018, quando o IBC-BR caiu 3,08%. Também foi o pior desempenho mensal desde março de 2021, quando a prévia do PIB tombou 3,5%.
A prévia do PIB em maio ficou abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que esperava uma ligeira queda no mês. Em relação a abril de 2022, o IBC-Br teve crescimento de 2,15%. No trimestre encerrado em maio, o indicador avançou 1,63% ante o trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2022, houve alta de 3,83%.
Com os dados mostrados ontem, o IBC-Br acumula alta de 3,61% no ano e de 3,43% em 12 meses.
Apesar da frustração do mercado com as projeções sobre a atividade econômica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o resultado do IBC-Br veio "como o esperado" diante do patamar "muito elevado" do juro real. "É como esperado. Muito tempo com juro real muito elevado. Nós estamos preocupados, estamos recebendo muito retorno de prefeitos e governadores sobre a arrecadação", disse Haddad em entrevista a jornalistas no ministério.
O ministro também pontuou estar preocupado com a política de juros do BC, ante o encolhimento da economia. "A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte. A gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas forem mantidas na casa de 10% o juro real ao ano. É muito pesado para a economia, está muito pesado para a economia", observou.
Segundo o especialista em crédito internacional Luciano Bravo, o recuo é, por enquanto, um dado pontual. "Ele pode ter sido afetado não só pelas bases de cálculo, mas também por uma uma maior dificuldade de obtenção de crédito das empresas do mercado", afirmou. "A economia, às vezes, cresce numa uma ligeira velocidade e depois recua quando o mercado sente, muito, a falta de crédito", explicou.
Bravo ressaltou que todos os bancos estão cautelosos. "Isso também pode dar um recuo no índice, por conta da ausência de um crédito mais abundante. Porém, com todos os estímulos que estão sendo sendo feitos — como o arcabouço fiscal, a reforma tributária e outros —, muito provavelmente nós estaremos andando muito bem quando o índice mostrar o mês de junho ou julho", disse.
O especialista explicou ainda que o índice IBC-Br também faz parte da composição para a tomada da decisão de como ficará a Taxa de Juros (Selic). "Isso significa que essa queda, ainda pontual, pode reverter a partir das próximas publicações, e irão demonstrar que isso não vai afetar na previsão de crescimento do Brasil", frisou.
Fonte: correiobraziliense
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