O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta quinta-feira (10/8) que o governo está trabalhando para aumentar a proporção da mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil de 12% para 20% (B20). A meta está dentro de um plano de descarbonização que vem sendo elaborado pelo governo.
De acordo com Fávaro, a mudança deve acontecer de forma gradual e a medida depende da capacidade do setor de atender a demanda pelo biodiesel. “Não é uma portaria, um decreto ou uma reunião do Conselho que vai determinar esses 20%. Nós temos que entender que existe todo um sistema que precisa ser reestimulado”, disse, durante a Biodiesel Week, evento promovido pela União Brasileira do Biodiesel e do Bioqueresene (Ubrabio).
O aumento da mistura foi um dos temas discutidos pelo governo no início deste ano, durante a primeira reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Na ocasião, o colegiado decidiu aumentar o percentual de biodiesel no óleo diesel de 10% para 12% e determinou uma progressão de 1 ponto percentual ao ano até chegar a B15 (mistura de 15% de biodiesel ao diesel fóssil), em 2026.
A mudança na composição neste ano causou um impacto de R$ 0,02 no litro vendido na bomba dos postos de combustíveis. Para o ministro, é “inconcebível” que o país discuta a diferença de centavos nos preços, enquanto o mundo discute a descarbonização. “Não tem como discutirmos mais a despoluição do mundo, discutir a captura de carbono, mas ficar consumindo produto fóssil, combustível fóssil”, enfatizou.
“O mundo caminha para a despoluição e para a captura de CO² e o biodiesel cumpre um papel nesse processo de despoluição, e como poderia ser feito isso: adição a mais de biodiesel ao diesel e 20% é um bom número para a gente mostrar o compromisso brasileiro com a sustentabilidade”, explicou.
O presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), afirmou que o segmento ainda precisa de segurança jurídica e previsibilidade para atrair a indústria, e defendeu a antecipação do B15. “Nós precisamos de uma Política Nacional para o Biocombustível, a previsibilidade tem que ser lei e por dez anos”, disse. “Com arranjo produtivo entre a planta industrial e os sistemas como a Embrapa, nós vamos ter um arranjo completo para produzir qualquer biocombustível”, afirmou.
Na última semana, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, havia mencionado que o governo também avalia aumentar o percentual de álcool na mistura com gasolina vendida nos postos, de 27% para 30%. “Vamos ter a gasolina mais limpa do mundo, além do carro flex, com etanol e gasolina”, anunciou durante agenda em Passo Fundo (RS), onde participou do anúncio de construção de uma nova usina de etanol.
Segundo Alckmin, “o Brasil tem a oportunidade de se tornar líder na produção de combustíveis para aviação”, numa corrida com países como os Estados Unidos para suprir uma transformação energética do setor. “O biodiesel agrega valor, gera emprego, produz ração, produto médico, glicerina. Uma série de produtos dessa grande indústria. Além de tornar o diesel menos poluente, salvar o meio ambiente e a saúde”, destacou.
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