22 de Novembro de 2024

Golpista denunciado pelo MP abre empresa de gestão de negócios em Portugal


Lisboa — Apontado como um dos maiores golpistas do Brasil, o empresário Luiz Eduardo Auricchio Bottura montou uma empresa de gestão de negócios em Portugal. Segundo denúncia feita pelo Ministério Público e acatada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em 8 de agosto, ele é acusado de chefiar uma organização criminosa, da qual fariam parte o pai, a mãe e a mulher dele. Ele de diz vítima de perseguição. O grupo é acusado de lesar mais de 500 empresas e pessoas físicas.

Desde março deste ano, o Correio vem acompanhando os movimentos de Bottura. Logo no primeiro contato, ele ameaçou processar o repórter se qualquer notícia contra ele fosse publicada. Ele afirma ser vítima de perseguição e fake news. Veja os principais trechos da entrevista concedida por e-mail antes de a Justiça paulista se manifestar.

Como o senhor explica o fato de ser o maior litigante da Justiça brasileira, com mais de 3 mil ações judiciais e extrajudiciais?

Esse dado é falso. Sou autor de menos de 100 processos ativos e quase todos procedentes por ilícitos que sofri ao meio de dissoluções societárias. Há sentenças (a meu favor) por falsos testemunhos, por distribuição de dossiês contra mim e a minha esposa. Portanto, esse número é patológico e infantil, pois processo tem número, e se isso é verdade, quais são os seus números?

Por que tantas pessoas acusam o senhor de golpes contra elas? Os processos que correm na Justiça apontam o senhor já fez mais de 500 vítimas.

Esse dado é falso. E lhe desafio a listar cinco vítimas autênticas, o que não se confunde com pessoas condenadas pelo Judiciário por ilícitos contra mim, após o devido processo legal.

Pessoas físicas e pessoas jurídicas apontam falsidade documental em processos que envolvem o senhor.

Inexiste qualquer condenação ou mesmo acusação oficial contra a minha pessoa por falsificação de documento. Todos os documentos questionados foram periciados e são autênticos.

O que tem a dizer sobre a acusação da senhora Maria Matuzenetz, que o acusa de ter desviado mais de R$ 8 milhões à época do patrimônio dela, que era cliente da sua mãe psicóloga?

A questão já foi julgada por sentença arbitral transitada em julgado pelo Centro de Arbitragem mais renomado de Portugal, em Arbitragem presidida por árbitro eleito pelo Centro, notoriamente conhecido e de um escritório especializado em arbitragem com sede em Madrid. Foi julgado que inexistiu qualquer fraude e que a operação de venda de participação societária foi legítima e autêntica. Tratou-se da venda de uma participação legítima de uma empresa que tem ativos líquidos, certos e positivos compatíveis com o preço recebido. Replicar acusação coberta pelo trânsito em julgado é calúnia, sem direito sequer à oposição de exceção da verdade.

O senhor foi alvo de operação da Polícia Civil de São Paulo no ano passado e, recentemente, havia um pedido de prisão temporária contra o senhor, que seria convertida em preventiva, mas a Justiça optou antes por ouvi-lo e ouvir seus pais? O que tem a dizer?

Não há nenhuma denúncia oferecida. Os dois incidentes judiciais sobre as buscas foram julgados procedentes para devolução de todos os bens por ilicitude da operação e o próprio MPE (Ministério Público Estadual) e o juízo competente decidiram revogar o mandado de prisão temporária ao ficar comprovado que se tratou de uma operação baseada em mentiras. O caso tramita sob segredo de Justiça e inexiste qualquer denúncia pelo MPE ou mandado de prisão, como pode conferir em simples consulta no banco nacional de mandados de prisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Por que tantas acusações de que comete golpes?

A Justiça Trabalhista em sentença da 1ª Vara Trabalhista de Barueri, confirmada pelo TRT-2, condenou as empresas de Adalberto Bueno Netto e Patrícia Bueno Netto a me indenizarem em mais de R$ 40 milhões por falsas acusações e ilícitos. Essa condenação se soma à outra, de mais de R$ 5 milhões, em execução, por outros ilícitos societários e judiciais praticados pelos Bueno Netto, em processo público e digital.

Qual a sua relação com a ex-juíza Margarida Weiler, de Anaurilândia (MS), aposentada compulsoriamente pelo CNJ?

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) concedeu dois habeas corpus pela ilicitude da acusação, o TJMS (Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul) concedeu outra ordem em habeas corpus, reconhecendo ser uma aberração jurídica a denúncia, e o MPE desistiu da acusação. Portanto, tratam-se de fatos de 2007 e rejeitados pelo STJ, TJMS e MPMS. Me acusar desses fatos, após as decisões judiciais, é calúnia.

Recorrentemente, o senhor pede gratuidade da Justiça, alegando ser hipossuficiente, mas vive na Europa, gastando em euros. Como justifica isso?

Conforme julgado no processo trabalhista, fui vítima de uma estrutura societária controlada por Adalberto Bueno Netto e Patrícia Bueno Netto, que inviabilizam minha vida financeira no Brasil, e isso resulta em meu direito, conforme a lei processual, em acesso ao judiciário brasileiro, em alguns casos, com incentivos fiscais que decorrem de lei estadual paulista específica sobre esse tipo de situação em ação por ato ilícito extrajudicial.

Que tipo de atividade faz em Portugal?

Tenho uma empresa que trabalha com a gestão de negócios próprios, com o meu nome, Eduardo Bottura UNIP Ltd, com sede em Lisboa e cuja capacidade de crédito, nome e reputação é abalada por esse tipo de notícia.

Fonte: correiobraziliense

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