22 de Novembro de 2024

País vive apagão por seis horas e sistema elétrico entra em alerta


Um apagão de quase seis horas atingiu 25 estados e o Distrito Federal na manhã desta terça-feira (15/8), gerando transtornos em todo o país. A ocorrência foi registrada por volta das 8h31m, de acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), e cerca de 25% da carga total da rede foi afetada. Apenas o estado de Roraima não foi atingido pela falha, por não estar ligado ao sistema nacional.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a interrupção foi causada por uma sobrecarga em uma linha de transmissão no Ceará, e outra em local ainda não especificado pela pasta, que pode ter começado na Subestação Xingu (PA), perto da Usina de Belo Monte.

O ministro não informou a que empresa pertencia a linha que apresentou falha no Ceará, mas no mercado circulou a informação de que se trataria da Chesf, subsidiária da Eletrobras. Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia, Sergipe e Tocantins foram os estados mais prejudicados pela falta de energia.

"Foi um fato que causou a interrupção na Região Norte e Nordeste e, por uma contingência planejada, o ONS minimizou a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para que não houvesse a interrupção total dessas regiões", explicou o ministro. O MME informou que o sistema nacional de energia foi restabelecido totalmente por volta das 14h30. Segundo o ministério, naquela altura apenas algumas localidades pontuais ainda necessitavam de ajustes.

Silveira afirmou que o apagão não teve nada a ver com problemas de segurança energética e foi um evento "extremamente raro". "Para acontecer um evento dessa magnitude, nós temos que ter tido dois eventos concomitantes em linhas de transmissão de alta capacidade, ou seja, é extremamente raro que aconteça o que aconteceu hoje", afirmou, em entrevista coletiva.

Sem explicar ao certo os motivos da falha, o chefe da pasta afirmou que os dados técnicos serão disponibilizados nas próximas 48 horas pelo ONS. "O ocorrido hoje não tem nada a ver, absolutamente nada, com o suprimento energético e a segurança energética do Brasil. Nós vivemos um momento de abundância dos nossos reservatórios", enfatizou Silveira.

 

Mapa apagão Brasil
Mapa apagão Brasil (foto: Valdo Virgo)

O ministro não descartou dolo ou falha humana no caso e afirmou que solicitará à Polícia Federal (PF) e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a apuração das causas. "Estou oficiando ao Ministério da Justiça para que seja encaminhado à Polícia Federal um pedido de instalação de inquérito policial para apurar em detalhes o que pode ter ocorrido", disse.

Segundo o ministro, em caso de falha intencional, o ONS não deve conseguir dar todos os esclarecimentos sobre a causa do apagão. "É um sistema altamente sensível, é um sistema que requer planejamento, requer total e completo monitoramento. Tenho absoluta convicção que a ONS, até por sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo", declarou Silveira.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) classificou o apagão como um "evento de grande porte". O engenheiro elétrico do Instituto Ilumina, Roberto D'Araújo, citou algumas possíveis causas: "Pode ser evento atmosférico, falta de manutenção de algum transformador, nenhuma possibilidade é descartada. O fato é que não estamos em uma situação de pressão por aumento de consumo".

Ainda de acordo com ele, a demora para restabelecer o sistema se deu pela grande rede de energia eólica no Nordeste. "O mais importante é porque demorou tanto a se refazer, sendo que o Norte e Nordeste têm exportado energia. Neste sentido, a região hoje tem predominância da energia eólica, que tem uma volta mais lenta do que as fontes hidráulicas", afirmou.

Relatos da falta de energia foram registrados em todo o país. Em alguns estados no Norte, por exemplo, a interrupção de energia levou a falta de água. Hospitais sem geradores no Maranhão precisaram interromper consultas e exames, enquanto o desligamento de semáforos gerou desordem em várias cidades, e metrôs pararam, com passageiros deixando os vagões e caminhando pelos trilhos.

De acordo com especialistas, consumidores podem pleitear indenização pelos prejuízos causados pelo apagão no caso de danos a equipamentos eletrônicos e perecimento de alimentos, entre outros motivos. "O caso do apagão de Macapá é um exemplo no qual houve a propositura de inúmeras ações judiciais nesse sentido, com fundamento principal no Código de Defesa do Consumidor. É preciso, no entanto, apurar as causas do evento para a atribuição das responsabilidades", frisou Joaquim Augusto Melo de Queiroz, sócio do Giamundo Neto Advogados.

No caso de prejuízos por lucros cessantes devido à ausência de energia, como metrô parado ou produção industrial suspensa, é preciso recorrer ao Poder Judiciário. "O Poder Judiciário vem entendendo pela responsabilidade da concessionária de energia, independentemente da culpa desta pela interrupção do fornecimento da energia. Nesses casos, a solução vem exigindo a intervenção", observou Kristian Rodrigo Pscheidt, sócio do escritório MV Costa Advogados.

Fonte: correiobraziliense

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